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Agnelo foi perdulário; venda do BRB pode tirar Rollemberg do sufoco

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Ao Norte de Portugal está localizado o Distrito de Braga. Essa histórica região que deu origem ao país de Camões abriga a cidade de Guimarães, fundada há mais de mil anos. Ali, onde respinga o Rio Minho, podemos degustar um autêntico vinho verde. Na sexta-feira 27, o prolongado almoço regado não por um vinho verde, mas por um autêntico Bordeaux Carruades de Lafite 2010, brindou o cardápio da premiada chef Alexandra em seu Restaurante Inácia.

À mesa, entretanto, a atração principal era o poeta e advogado Luis Carlos Alcoforado. E qual a relação daquele que foi um dos nomes mais comentados nos bastidores do governo de Agnelo Queiroz com a cidade de Guimarães? Aparentemente nenhuma, a não ser o fato de alguns historiadores terem afirmado que é de lá que vem o sobrenome Alcoforado.

E qual a relação que existiu de Alcoforado com o mal avaliado governo do PT no Distrito Federal? Esse foi o tema da entrada, prato principal e sobremesa.

Algumas informações já eram de conhecimento de Notibras, como os predicados do profissional que afirmou só ter conhecido Agnelo e sua trupe antes das eleições.

O conturbado e perigoso mercado da informação off distrital propagou aos quatro cantos que Alcoforado era uma espécie de gestor dos negócios do GDF, que tudo deveria receber seu aval, que ele mandava e acontecia. Essa imagem foi consolidada no decorrer dos quatro anos em que Agnelo esteve à frente do Buriti.

Desenvolto com nossa equipe, Alcoforado não pediu reserva de nada. E chegou mesmo a revelar enfaticamente sua indignação e a sua visão sobre a gestão de Agnelo Queiroz no Distrito Federal.

Mas o tema futebol, como entrada, abriu a conversa. O negócio futebol é bom, é lucrativo, e o Brasília (time de futebol comprado por ele) não é de Agnelo, como as pessoas deixavam entender.

– Esse seria, sim, o meu negócio, aliado ao estádio Mané Garrincha, caso tivessem concluído o plano que era privatizar aquela arena, diz Alcoforado. Mas, observa, “com a gestão tresloucada onde nada era conduzido de forma profissional, pragmática, executiva, o plano deu água.”

O Mané Garrincha é definitivamente um elefante branco, afirmou. “Sangrou a Terracap que não decolou como agência de desenvolvimento, que é a sua alternativa de sobrevivência, e desfigurou completamente o bloco de investidores, que são poucos no mundo, dispostos a assumir aquela gigantesca despesa.”

Perguntado sobre a avaliação que faz do governo Agnelo, ele resume: “Visionário e perdulário”. Sobre os modelos de gestão, quando indagado sobre o quadro atual que imita os governos de Cristovam Buarque e Agnelo Queiroz, não faz segredo: “…a ideia de ter um secretário super poderoso, que quer controlar tudo, é um desastre!”, resume Alcoforado.

Entre uma e outra taça do Lafite 2010, o poeta-advogado lembra que a estrutura de um governo é coisa muito complexa. Consequentemente, é necessário um batalhão de pessoas com vocação executiva; assim, pode-se dezudir que a distribuição de responsabilidades é o que garante a governabilidade.

No entendimento de Alcoforado, ninguém, ainda que com experiência executiva, coisa que nenhum deles tinha nem Rollemberg tem, é capaz de confiar a uma única pessoa a gestão complexa do GDF.

– Cristovam, outro poeta (a definição aqui é de Notibras) confiou a Swedenberger  Barbosa o bastão da governabilidade, que foi um fiasco, mas ainda assim Agnelo o repatriou. Agnelo confiou em Paulo Tadeu que não suportou as pressões. Rollemberg agora está confiando em Helio Doyle. Por mais que eles tenham capacidade, a responsabilidade é maior e as decisões não podem ser adiadas por falta de agenda. Daí a necessidade de distribuir responsabilidades, especialidade de gestores consagrados como Roriz e Arruda, adverte Alcoforado.

A autoconfiança de Agnelo na reeleição foi outro fator decisivo para o seu fracasso. Mal assessorado na comunicação, foi capaz de piorar o quadro quando importou dos governos Arruda e Roriz um grupo que não tinha credenciais para o desafio, sustenta o ex-advogado de Agnelo, sem medir palavras.

Sobre o discurso de Rollemberg de que não tem dinheiro para cumprir suas obrigações com os trabalhadores e fornecedores, Alcoforado é professoral.

– Esse governo poderia, sim, suprir os cofres imediatamente, atitude que deveria ter tomado ainda no governo de transição. O Estado não é um ente empresarial. Não pode ser dono de instituição financeira, de distribuição de energia nem de água e esgoto. São funções da iniciativa privada, afirma.

No entendimento de Alcoforado, “é muito fácil assumir o papel de Estado. Basta vender o BRB, a CEB e a Caesb. Até porque, observa, “essas duas últimas têm quase que 100% dos serviços terceirizados.”

O tema ‘venda do BRB’, nos moldes sugeridos por Alcoforado, soa como um tsunami. Depois da entrevista – para esclarecer o assunto sem pretender imprimir qualquer aval a uma suposta iniciativa nesse sentido -, Notibras conversou com um alto dirigente do Banco de Brasília, funcionário de carreira, que revelou ser uma alternativa interessante ao mercado financeiro. Ressalva, porém, que se o governo fizer a opção pela venda, deve manter o controle acionário da instituição.

A conclusão desse dirigente bancário acompanha o raciocínio de Alcoforado – o de que 40% do BRB são vendáveis e há interessados. Pelas contas feitas preliminarmente pelo advogado de Agnelo, que transitou com facilidade pelos corredores do Palácio do Buriti ao longo dos últimos quatro anos, caso o Banco de Brasília abra o capital se desfazendo de uma parte das ações, a instituição poderia coletar até 2 bilhões de reais no mercado, pois seu valor está estimado em 4 bilhões de reais. “Vale observar a esse respeito que nenhum Estado de porte brasileiro conta com um banco estatal que tenha 100% sob seu controle”, enfatiza Alcoforado.

Finalmente, na degustação do impecável prato principal e ao fim das últimas três garrafas Lafite 2010 de uma adega especial, Alfcoforado fez o desabafo na sobremesa: “Fui dedicado, profissional e autêntico. Só quero que Agnelo me pague os honorários devidos pelo meu trabalho. Sua prioridade, após atender determinados compromissos sem relevância, me deixou muito aborrecido. Minha família foi prejudicada, está indignada. E espero que no futuro ele faça uma reflexão sobre tudo. E me pague, claro!”

Após o cafezinho e o licor 43, é bom deixar claro uma coisa: o famoso licor espanhol tem essa marca por ser preparado pela mistura de 43 frutas e ervas, uma receita secreta. Não é, portanto, um licor de laranja, como muitos propagam…

Kleber Ferriche – Participou José Seabra

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