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Albérico Cordeiro, a gargalhada do humor sadio que deixou muitas saudades

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José Escarlate

Minha saudade e a homenagem a um amigo que me deu a mão no Correio Braziliense com a sua experiência, alegria e lealdade. No dia 28 de abril de 2010, chega a notícia da morte prematura do Albérico Cordeiro, vitimado por um acidente rodoviário, em seu estado, as Alagoas. Afastado da vida pública, após cinco mandatos de deputado federal e dois mandatos consecutivos de prefeito da cidade de Palmeira dos Indios, Cordeiro, com sua energia inesgotável, decidiu voltar à política.

E estava reiniciando sua campanha como candidato a deputado estadual. Ele iria participar de uma audiência pública sobre a implantação do Estaleiro Eisa, quando foi atingido pela fatalidade. Eram 15 horas, quando seu carro, uma camionete Ford Ranger, conduzido por um motorista, bateu de frente com um veículo que trafegava em sentido contrário, na rodovia AL- 101 Sul, próximo ao trevo de acesso à Usina Guaxuma, em Coruripe, pertencente ao seu amigo, o empresário e usineiro João Lyra.

Na campanha, Cordeiro usava o velho slogan que o acompanhava desde quando candidatou-se, em 1978, a deputado federal: “CORDEIRO TRABALHA”.

Socorrido pela unidade de resgate, Cordeiro sofreu parada cardíaca dentro da ambulância e faleceu minutos antes de chegar à capital.

Alagoano de Pilar, nascido em 1941, Albérico Cordeiro da Silva foi ainda garoto para Maceió, onde morou na antiga Casa do Estudante, onde conheceu um grande amigo, Divaldo Suruagy, que mais tarde seria deputado federal, Governador e senador da República.

”Divaldo – dizia Cordeiro, ao me contar suas muitas histórias – “só me tratava por Abé. Assim foi o resto da vida. Pulamos muito muro e subimos em muitos pés de árvores para roubar mangas. Éramos companheiros de fé. Depois, ele seguiu seu caminho e eu fui para Brasília, atraído pela construção da nova capital”.

Em Maceió, Cordeiro foi repórter da Gazeta de Alagoas e do Jornal de Alagoas.

Foi repórter político do Correio Braziliense, onde o conhecí. Como eu, ele conviveu com grandes nomes do jornalismo político da época, como Octacílio Lopes, Expedito Quintas, Benedito Coutinho. Como eles, teve acesso irrestrito aos mais frequentados gabinetes de deputados e senadores. Apesar de circularmos intensamente pelos salões e gabinetes do Congresso Nacional, eu e o Cordeiro só nos encontrávamos às seis horas da tarde, no estacionamente do jornal, onde “trocávamos figurinhas”, na base da mão que lava a outra. Isso, diariamente.

Foi o Cordeiro que me apresentou ao então deputado federal por Goiás, Siqueira Campos, de quem também fiquei amigo. Através do Cordeiro, o Siqueira convidou em 1968 um grupo de jornalistas do Correio Braziliense, com as famílias, para conhecer a Pousada do Rio Quente, cujo dono era o Palmério. Foi a primeira e uma das poucas mordomias da minha vida. O parlamentar colocou um ônibus a disposição do grupo. Com o Alfredo Obliziner à frente, fomos numa quinta-feira e retornamos no domingo.

Cordeiro era do tipo bonachão, alegre, tinha um humor sadio e namorava muito. Gostava de boa mesa e falava alto quando queria comemorar alguma coisa. A voz que mais se ouvia na redação, contando uma história ou comemorando um furo jornalístico era a dele. Sua gargalhada era estrondosa. Tinha um hábito que levou consigo para a última morada.

Costumava acordar bem cedo e ligava para os amigos, acordando-os. Em Palmeira dos Indios, quando prefeito da cidadepor duas vezes, ligava para os secretários do município, às 5 horas da matina, para vistoriar obras e despachar. Batalhou duramente pela Adutora do Nordeste, seu sonho, que se arrastou por longos anos.

Apesar de namorar muito, Albérico Cordeiro jamais se casou. Porém, tinha uma filha, que mora na Alemanha. Cordeiro seguiu meu amigo até o fim da vida. Deus o abençoe.

PV

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