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Amante desprezada por Indio implode rede de corrupção e de intrigas em Brasília

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Os empresários que terceirizam mão-de-obra em Brasília, desde limpeza e conservação a segurança armada, estão em pé de guerra. É verdade que a categoria nunca morreu de amores entre si, mas o clima de cizânia ficou mais acentuado nos últimos dias, com a imprudência de Irenaldo Pereira Lima, presidente do poderoso Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância, de abandonar à própria sorte a amante Lucicleide, como ela se apresenta, a quem prometera vida de princesa.

Desprezada, e vendo seus sonhos desfeitos após uma relação que se estendeu por mais de um ano, Lucicleide foi à forra. E começou a disparar confidências que ouvia do amante na alcova. As revelações, feitas no domingo, 29, a Notibras, tiveram o efeito de um petardo no meio empresarial. As tramas são muitas. Envolvem empresários, parlamentares, dirigentes de órgãos públicos e novas amantes. O objetivo é o poder. E dinheiro.

Lucicleide é uma moça humilde que mora em Planaltina, a mais afastada de todas as cidades-satélites de Brasília. É uma ‘guardete’, apelido dado às mulheres que se formam e trabalham como vigilantes armados. Diz ter sido seduzida por Irenaldo Pereira, o Índio, interlocutor dela na matéria rede-de-intrigas. Mas que foi ‘jogada aos leões’ quando descobriu que o jogo é sujo e que apenas estava sendo usada.

Numa conversa rápida, Lucicleide diz estar com medo, que sofre ameaças. E que foi proibida por Índio de prestar declarações à imprensa. Mede as palavras, evita citar nomes. Porém, revela que o grupo representado por Irenaldo Pereira ganhou muito dinheiro em contratos suspeitos com o governo. “E vai ganhar mais. É só prestar atenção nas licitações que estão acontecendo”, garante.

Os contratos em questão são todos na área da segurança privada. Quem recebeu dinheiro para assumir essa área nos eventos da Copa do Mundo em Brasília foi Índio, preposto, segundo Lucicleide, da Global, Soberana e Cinco Estrelas. Essas empresas são parte do conglomerado dirigido pelo ex-deputado Leonardo Prudente, flagrado escondendo dinheiro nas meias no escândalo da Caixa de Pandora. Ele é pai do hoje deputado Rafael Prudente.

O mesmo grupo de Leonardo Prudente, que tem Irenaldo como uma espécie de ‘laranja’, também já garantiu a segurança privada da parte das Olimpíadas Rio-2016 que será realizada em Brasília.

Mas o esquema de corrupção (as informações são de que há sempre a Lei do Gerson funcionando por trás), que permite outros contratos, não param por aí. Tanto, que os eventos promovidos nos estádios Mané Garrincha, no Plano Piloto, e no Bezerrão, no Gama, têm a segurança de equipes de Índio.

Lucicleide sai de cena. Entra uma suposta nova amante, que ataca a desafeta, e aproveita para alfinetar Irenaldo, quem sabe como um aviso para que não seja entregue aos leões, como foi a ‘guardete’ então responsável por manter lençóis perfumados feitos à mão com linho egípcio.

Mensagens trocadas pelo aplicativo WhatsApp deixam claro que Índio usa o poder e o dinheiro (dele ou do grupo de Leonardo Prudente) para estender seus tentáculos, que abraçam com força a Federação Brasiliense de Futebol.

Na Federação há uma Ana K. E a essa nova personagem é atribuída a informação de que Índio não é o verdadeiro dono da Soberana Serviços de Segurança. Irenaldo é o ‘laranja’ do pai do deputado Rafael Prudente. E com o respaldo de quem detém um mandato e votos na Câmara Legislativa, vai abocanhando contratos. Os próximos, enfatiza uma das dezenas de mensagens do Zap que chegaram a Notibras, serão com o Detran e com a Polícia Militar.

Toda essa rede que expõe intrigas e corrupção envolvendo empresários e governantes é acionada diariamente. Os grupos são distintos. Neles são incluídas muitas autoridades, sem perceberem os riscos a que se submetem. Telas printadas foram encaminhadas à redação de Notibras. São números de telefones reservados que costumam ser manuseados por deputados, secretários de Estado, oficiais da Polícia Militar, delegados da Polícia Federal e da Polícia Civil.

O mais estarrecedor, porém, quem assume é um administrador de um desses grupos.

– Muita coisa está acontecendo. E muitas ameaças também. Somos pagos para criar esses grupos, para difundir as informações, sublinha uma das mensagens do Zap.

Quem paga, quanto paga? São perguntas que ficam sem resposta. Apenas um ‘kkkkkkk’. E no fim do diálogo, um apelo enfático: “Depois de escrever a matéria, apaga tudo isso, por favor, porque se a pessoa que está nos pagando souber, estamos mortos”.

José Seabra

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