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Teve tumulto

Protestos pelo país trocam o Fora Temer por Diretas Já

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Vladimir Platonow, Bartô Granja, Edição

Em várias capitais, manifestantes protestaram nesta quinta-feira (18) contra a corrupção, pedindo a saída do presidente Michel Temer e novas eleições diretas. Os atos ocorreram após a divulgação pelo jornal O Globo de reportagem sobre a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS.

No Rio de Janeiro, a ação de policiais militares contra frequentadores de bares na Lapa gerou críticas de clientes e comerciantes. Motoqueiros e soldados do Batalhão de Choque da Polícia Militar, passaram a dispersar as pessoas que se aglomeravam nos bares após a manifestação contra a corrupção e que pedia a saída do presidente Michel Temer e novas eleições diretas ocorrida horas antes na Cinelândia.

Mais cedo, manifestantes haviam ateado fogo em lixeiras ao longo da Avenida Mem de Sá, o que levou à interdição parcial do trânsito no local. Na Cinelândia, houve confronto. Pessoas mascaradas jogaram pedras e garrafas contra os policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Também houve casos de vandalismo praticados por black blocs.

Embora algumas pessoas vaiassem a presença ostensiva dos policiais, a reportagem em nenhum momento verificou que fossem atirados objetos ou praticada qualquer violência física contra os PMs, que percorriam as ruas do bairro, tradicional reduto boêmio da cidade, dispersando as pessoas com uso de bombas de gás e até balas de borracha.

Um dos casos mais graves ocorreu no recém-inaugurado bar Santo Refúgio, conforme relatou a proprietária, Beatriz Eugênio. “Eles simplesmente jogaram uma bomba dentro do meu bar. A gente estava trabalhando. Todo mundo saiu correndo. Os músicos estavam tocando. Eu inaugurei na semana passada, maior luta para fazer tudo funcionar”, lamentou.

Outro cliente que estava no bar no momento relatou os momentos de pânico por causa das bombas jogadas pela polícia no interior do estabelecimento. “Estávamos todos aqui dentro, curtindo, ambiente tranquilão. Os PMs deram tiros aqui dentro. As pessoas ficaram chorando, o bar ficou danificado. Completo absurdo”, disse ele, que pediu para não ser identificado.

A cena se repetiu nos demais bares nas Avenidas Gomes Freire e Mem de Sá, testemunhada por diversos jornalistas e fotógrafos que cobriam a ação.

A assessoria da PM foi procurada para se posicionar tanto quanto à ação contra os frequentadores dos bares na Lapa durante a dispersão da manifestação na Cinelândia. Até a publicação desta matéria, a corporação ainda não havia se pronunciado.

Brasília – Um grupo de manifestantes concentrou-se na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto. As pessoas começaram a chegar por volta das 17h. A última estimativa oficial da Polícia Militar do Distrito Federal era de 400 pessoas.

Os manifestantes soltaram fogos e tocaram instrumentos de percussão. A manifestação foi pacífica. Bandeiras de centrais sindicais foram agitadas e faixas escritas “Diretas Já”, além de gritos de apoio a ex-presidenta Dilma Rousseff. Muitos motoristas também passaram em frente buzinando e pedindo a saída de Temer.

Recife – A concentração foi na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista, por volta de 18h, até a Avenida Guararapes. Muitos manifestantes estavam com placas “Eu quero votar”, “Fora, corruptos” e “Fora, Temer”. A organização do ato calculou 3 mil pessoas; já a Polícia Militar de Pernambuco não faz contagem de manifestantes.

O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadorers (CUT), Carlos Veras, criticou a decisão de Temer de não renunciar. “Ele deveria ter pelo menos a decência de renunciar. E não é só Temer renunciar: é a renúncia, revogação imediata de todos os atos feitos pelo presidente ilegítimo, não às reformas que estão em curso e eleições diretas para Presidência da República”.

A representante da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Pernambuco, Laudijane Domingos, disse que as informações reveladas pela delação reforçam o pedido de saída do presidente da República. “A máscara caiu, a nuvem de fumaça saiu. O argumento de que o Brasil estava envolto em uma onda de corrupção e que isso era responsabilidade dos partidos de esquerda não é verdade”, afirmou.

Fortaleza – Os manifestantes se reuniram na Praça da Bandeira, no centro, e caminharam cerca de 2 quilômetros até o bairro Benfica. Muitos levavam faixas e cartazes ou vestiam camisetas com mensagens defendendo a convocação de eleições diretas.

“Temos que estar na rua em busca das eleições diretas, pois só assim o trabalhador vai conseguir esse marco. Não podemos permitir que a burguesia decida este momento e que o Congresso escolha um novo representante”, disse o presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Fortaleza, Eriston Ferreira.

São Paulo – Manifestantes se reuniram em frente ao vão-livre do Masp, na Avenida Paulista, desde o fim da tarde. O grupo fechou a avenida no sentido Consolação por volta de 18h30. A dispersão do ato terminou por volta das 22h.

Participaram da manifestação diversos movimentos sociais, estudantis, sindicais e partidos políticos que apoiam a saída de Temer. Pelo menos 15 policiais fizeram uma barreira de proteção em frente ao prédio da Presidência em São Paulo. Viaturas da Polícia Militar acompanharam o ato.

Carolina Kruchin, 30 anos, disse que o povo tem que ir mesmo para a rua. “Não adianta nada ficar nas nossas casas vendo pela televisão. Temos que ir pra rua fazer volume”. Ela defendeu eleições diretas gerais.

Luiza Ribeiro da Silva, 21 anos, disse que as pessoas precisam sair às ruas porque o país passa por uma situação desesperadora. “Tem que somar em resistência, vir para a rua, juntar todo mundo para mostrar o que está acontecendo. Eu acho que no momento é Diretas Já, porque [eleições] indiretas a gente já sabe o que vai acontecer entre eles, vai jogar para outra pessoa que é do mesmo tipo”.

Manuela Mendes dos Santos, de 30 anos, tambpem defende eleições diretas. “Estamos aqui pedindo a saída de todos na verdade, não só do Temer, mas de todo o Congresso, de toda a corja que está roubando o país”, disse . O povo deve decidir quem serão os governantes.

Em nota conjunta, as centrais sindicais pedem eleições gerais e democráticas, além da apuração das “graves revelações contidas nas delações envolvendo o presidente Temer e outros políticos de expressão nacional”. Além disso, afirmam que falta legitimidade política e social ao atual governo para aprovação das reformas da Previdência e trabalhista e pedem que sejam retiradas imediatamente da pauta do Congresso Nacional.

“[Qualquer solução democrática para a crise política e econômica nesta conjuntura] Passa, ainda, pela reconstrução da legitimidade das instituições políticas da República, o que, no caso do governo federal e do Congresso Nacional, passa por realizar, no mais curto espaço de tempo exigido pela Constituição, eleições gerais e democráticas”, diz a nota.

Belo Horizonte – O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Kerison Lopes, citou a prisão de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, e disse que a detenção dela significou um dia de liberdade de imprensa em Minas Gerais, por mencionar a interferência dela nos meios de comunicação no estado.

“Durante os 12 anos de governos do PSDB, com Aécio e Anastasia, ela coordenou a comunicação e ficou conhecida como mãos de tesoura. Ela atuava para censurar a imprensa, perseguiu e exigiu de veículos a demissão de diversos jornalistas”, disse.

Segundo os organizadores, o ato reuniu mais de 50 mil pessoas. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.

Porto Alegre – O protesto ocorreu na Esquina Democrática, no centro da cidade desde as 18h. Uma hora depois, o grupo seguiu em marcha pelas ruas do Centro Histórico com faixas e cartazes pedindo a saída do presidente da República, Michel Temer, e exigindo a realização de eleições diretas para o cargo.

A caminhada encerrou no Largo Zumbi dos Palmares, onde o ato foi finalizado. Um grupo menor, no entanto, resolveu seguir até a Avenida Ipiranga, onde foram registrados alguns confrontos com a Brigada Militar (BM). Os policiais utilizaram bombas de gás para dispersar os manifestantes.

A Brigada Militar não divulgou estimativa de quantas pessoas participaram do ato. As lideranças das centrais sindicais afirmaram que o público foi de 20 mil manifestantes.

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