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Batismo de fogo com os cobras do jornalismo nos comitês da Câmara e Senado

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José Escarlate

Quando lancei e assumi a coluna Brasília-DF, do Correio Braziliense, fiz minha base no Senado, credenciado pelos Diários Associados. A partir daí, minha carreira deslanchou. Conheci muita gente boa, autoridade ou não. Fernando Lara Rezende me mostrou o caminho das pedras. A tira colo, levou-me aos gabinetes dos senadores, me apresentando: “Este é o nosso mais novo colega”. E complementava: “É o homem da Brasília – DF”.

Com isso as portas se abriram e ali convivi com centenas de políticos dos mais diferentes matizes, procurando e buscando o outro lado da notícia. Muitas vezes, quase que sem querer, eu recebia informações que eram “furo” jornalístico. Eu não me encolhia. Checava e mandava ver.

Tinha dias que eu saía do jornal depois das 11 da noite, cansado e com muita fome. Naquela época, eu batia um prato que dava gosto ver. Quando chegava em casa, beijava os meus amores, jantava o meu prato feito – ainda não existia microonda – e ía dormir o sono dos justos.

Outro que me ajudou muito foi o Pompeuzinho, o paraense Manoel Pompeu Filho, que apesar de trabalhar para jornal concorrente, o Diário de Brasília, me dava força.

Ainda hoje funciona no Congresso o velho esquema de cobertura compartilhada, com a credencial do Senado Federal valendo para a Câmara dos Deputados, e vice-versa. O trânsito de jornalistas nas duas Casas do Congresso Nacional sempre foi intenso.

Na Câmara Federal, o presidente do Comitê de Imprensa era o jornalista e meu amigo Flamarion Mossri, o “Flama” ou “Turco”, de O Estado de S. Paulo e do Jornal do Brasil. Nos conhecemos no volei dos domingos, no Clube da Imprensa, onde a Aurora jogava e eu assistia. O vice-presidente era o José Raymundo Lima Martins, sendo secretário o Albérico Cordeiro, da Rádio Tupi. Como suplentes, Evilázio Paraense Soares Carneiro, da TV Globo e o Luiz Bezerra Torres, do Jornal do Commércio.

Na sala de imprensa da Câmara só tinha “cobras”. Eu passava por lá todo o final de tarde, para beber um pouquinho do veneno. Desde o Murilo Melo Filho, Cláudio Coletti, o Rubem Azevedo Lima e o Haroldo Cerqueira Lima, o “Leléco”, da Folha de S. Paulo, Flamarion Mossri e Fernando César Mesquita, do JB e Estadão, passando pelo Carlos Henrique de Almeida Santos, da Agência Estado, do Abdias Silva, da Agência JB, o Cauby de Oliveira e o Moacyr Valadares, da Agência Meridional, o Roberto Franca Stuckert, com quem eu trabalhei mais tarde, no Palácio do Planalto, e que era filho do velho Eduardo Stuckert, o “Stuckão”, o Freddy Krause, da Caldas Júnior, o trio Epitácio Quintas, Octacílio Lopes e Edison Lobão, do Diário de Notícias.

Vinham ainda o excelente Ruy Lopes e o Reynaldo Domingos Ferreira, da Folha de S. Paulo, o Jorge Honório e o Manuel Vilela de Magalhães, do Jornal da Tarde e o Antônio Frejat e o Jair Cardoso, do Jornal do Brasil. No ninho das cobras estavam ainda o Carlos Chagas, Adão Nascimento, Esaú de Carvalho, Orlando Brito, o Deocleciano Rocha e o Jader Neves, os dois pela Manchete, e o Jankiel Gonczarowska, de O Cruzeiro. Pela revista Veja, vinha o José Carlos Bardawill, e o Dilson Ribeiro pela Tribuna da Imprensa, além dos velhos amigos João Firmino Pena e Waldemar Pacheco, da Rede Globo, e Sebastião Fernandes, da Radio Nacional. Era um time de respeito.

Com essa turma toda eu fiz o meu aprendizado. Eu bebi daquela água e estava em boas mãos.

PV

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