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Bike infesta horizontes, mas pode ser antídoto da praga na mobilidade

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Vamos lá, novamente, para dar clareza ao assunto. Não é comum Notibras replicar comentários sobre os assuntos publicados. Opinar é o princípio democrático mais sagrado. Mas como a matéria foi lida e compartilhada por milhares de leitores, muitos conscientes, é de bom tom respeitar as opiniões divergentes, mas deixar claro os fundamentos apresentados.

O artigo pretendeu todo o tempo defender a mobilidade urbana nos mais modernos padrões internacionais, que utilizam todos os modais disponíveis para retirar os automóveis das ruas. Afinal, esses veículos são conhecidos também como carros de passeio, mas utilizados no Brasil para o trabalho. Uma disfunção.

Não é aceitável que uma tonelada de aço e borracha ocupe espaço nas vias para transportar, a maioria da frota, apenas uma única pessoa.

A bicicleta é um importante meio para integrar a mobilidade. Embora seja um veículo individual, deve estar integrado ao transporte coletivo. Isso está claro no artigo. A crítica não é dirigida aos ciclistas em geral porque eu estaria incluído como um veterano utilizador, há mais de quarenta anos. Infelizmente só para o lazer. Mas opto por outros veículos de duas rodas. Nas estradas por uma motocicleta de alta cilindrada, não esportiva, e na cidade por uma scooter que polui muito pouco e não ocupa espaço.

Raramente uso o automóvel. Aprendi com os europeus. Talvez por ser profundo conhecedor e usuário do meio duas rodas, fui chamado para acompanhar estudos realizados em vários países sobre o assunto nos últimos quatro anos. Acho que foi no período em que eu estava hibernando, como afirmou outro leitor.

Minhas conclusões – não opiniões – foram colhidas nas experiências de outras realidades, fique claro, e pretendem defender a bike, não aqueles que pregam a construção de ciclovias sem integração a outros modais e apenas para o lazer. Obras públicas devem servir ao maior número de pessoas possível. Isso está claro no artigo.

Desinformação e a defesa corporativa também são princípios democráticos, só que elas não devem impor soluções sem fundamentos técnicos. Especialmente quando o erário está em jogo. Isso está claro no artigo.

Estendo o convite a todos para uma visita a uma ciclovia no Park Way coberta de mato. Talvez nem seja necessário. A TV Globo visitou uma no Guará, noticiada nesta quarta, 17, sem qualquer manutenção.

Grande colaboração prestou o leitor Claudio Ferreira, de maneira elegante, ao testemunhar que fez – grife-se: fez – o trajeto do Gama ao Plano Piloto, por algum tempo, com grande prazer até ser impedido pelos automóveis. O bom senso moderno não pode aceitar um retrocesso como o de Claudio. Ele deveria ter a opção de ir de bike até um terminal de metrô ou VLT, encontrar lá um bicicletário moderno, seguro, com banheiro limpo e seguir para o trabalho.

O artigo propõe que sejam ouvidos todos os Cláudios dispostos a pedalar do Gama até o Plano Piloto e quantificar quantos fariam isso durante a época de estiagem e nos dias de chuva. Basta fazer as contas. As estatísticas é que devem ser respeitadas. Inclusive para decidir despejar milhões na EPTG antes de um estudo científico muito detalhado. Isso está claro no artigo.

A sociedade é formada por grupos corporativos, dedicados aos mais diversos temas. É sadio para a modernidade. Outra leitora, bela e alvissareira que tem sobrenome de índio, ofereceu mais de 400 razões para uma ciclovia na EPTG, mas basta uma única: custo social. Um grupo de profissionais da área de cinema e vídeo propôs ao governo a criação do Pólo de Cinema. Milhões estão enterrados lá. Existe um único filme produzido ou profissional formado naquela área?

Outro grupo propôs a criação do Pólo de Modas no Guará. Alguém já esteve no Guará para comprar um par de meias? Outro grupo propôs a construção da Feira Popular ao lado da Rodoferroviária. Mais de 20 milhões foram despejados naquela obra. Alguém já fez compras lá?

Poderia relacionar um leque de exemplos de decisões públicas equivocadas porque foram ouvidos pequenos grupos e não toda a sociedade.

Portanto, caros e respeitados leitores, os assuntos aqui publicados são tratados com imenso cuidado e responsabilidade, no tempo certo, inclusive na era em que ninguém fuma em locais fechados. Em solo ou no ar. E os fundamentos são propostas para o debate e pode estar aí a falta de compreensão do que é o princípio da razão. Isso está claro no artigo.

Se nos casos equivocados mencionados as decisões tivessem embasamento técnico e estatístico, o Distrito Federal não teria torrado milhões de reais em projetos com morte anunciada. Se Rollemberg vai decidir construir uma ciclovia na EPTG que deveria ter sido feita na ocasião da obra, como afirmou a representante dos ciclistas com a qual concordo, então que a decisão seja tomada por meio de estudos científicos e técnicos, não na emoção unilateral ou corporativa que é um direito legítimo.

Mas o dinheiro dos meus impostos eu quero saber muito bem para onde vai. Meu desejo é ver trilhos nas avenidas e não pneus. Exceto os das bikes, claro. Essa é uma opinião decorrente dos mesmos estudos e consultas feitos com especialistas da França, Itália, Canadá, Alemanha, Portugal, reunidos em Brasília para tratar de mobilidade urbana.

Se alguém estava hibernando e não viu, paciência, utilizo o tempo para tentar aprender a escrever e ler melhor para entender o que escrevo e leio. Um dia chego lá. De bike, preferencialmente. Não é uma metáfora. Na Europa é comum observar ciclistas abrirem seus livros pedalando. É possível, sim. Só não era nos anos cinquenta quando alguns nasceram e não sabem.

Isso ficou claro agora no artigo? Em tempo: ninguém justificou a ciclovia de mão dupla da Esplanada dos Ministérios. A sociedade está precisando pedalar mais…

Kleber Ferriche

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