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BRB é ‘imexível’, mas Terracap pode aliviar os cofres do Buriti

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Não é para fazer comparações entre personalidades da história viva de Brasília, mas tanto quanto o atabalhoado Antônio Rogério Magri, ‘imexível’ ministro do Trabalho no governo de Fernando Collor de Mello, também no capital social do Banco de Brasília ninguém mexe. E se a questão é permitir que o governador Rodrigo Rollemberg encha os cofres esvaziados por seu antecessor Agnelo Queiroz, há terras em metragem suficiente para fazer brotar dinheiro onde, respeitada a profecia de Dom Bosco, jorraria leite e mel.

Essas foram as primeiras reações à proposta de Luis Carlos Alcoforado, ex-advogado de Agnelo Quieiroz, para que, vendendo o BRB, o Palácio do Buriti saia do sufoco em que se encontra. De um lado, a posição oficial do Sindicato dos Bancários. De outro, a manifestação do arquiteto Antônio Eustáquio, conhecido como ativista intransigente em defesa dos bens públicos.

No Sindicato dos Bancários, o que se ouviu foi uma crítica mordaz à tese levantada por Alcoforado, enquanto representante de uma categoria profissional diretamente interessada no assunto. “Somos visceralmente contrários à abertura do capital do BRB, muito menos vender o banco como um todo”, sentenciou a entidade classista.

Afora a opinião técnica, ciente do contexto de gestão pública, bancários arriscam uma sugestão: extirpar da gerencia da estatal, a utilização política para cargos, principalmente de chefia. Isso, apesar de ver como positiva a indicação de um servidor de carreira para presidir o BRB.

Nesse aspecto, a unanimidade é a de que Vasco Gonçalves, homologado nesta terça 3 pela Câmara Legislativa para presidir o banco, tem o perfil adequado para conduzir o BRB a dias melhores, “agregando valores e se desfazendo de um esqueleto pesado, enferrujado, que deixa muito a desejar”. Para reforçar essa ideia, existe a certeza no meio financeiro de que o governador Rodrigo Rollemberg foi feliz ao fazer a opção por Vasco Gonçalves.

Já a avaliação do BRB em torno de 4 bilhões de reais feita por Alcoforado, arregalou de surpresa os olhos de um analista financeiro ouvido por Notibras. “Nem o mais otimista pensaria nesse número estratosférico”, observa, questionando a estimativa feita pelo ex-advogado de Agnelo.

Na calculadora do analista, porém, o BRB tem preço de mercado entre 1.5 e 1.8 bilhão de reais. Mas, se dirigida sem politicagem, a instituição pode ter um valor muito mais robusto a médio prazo, embora, por força da realidade brasileira, dependa de decisões políticas.

“O governo pode, por exemplo, transformar a Corretora de Seguros BRB em uma seguradora. Só aí, tem como aportar 1 bilhão de reais em seu capital. Depois, se for o caso, vende. Mas, por que vender o que dá lucro? Isso precisa ser colocado na balança”, pondera esse analista do mercado financeiro.

Em outro campo de classes, estão os arquitetos que defendem outra alternativa para jogar a corda e ajudar o governo de Rollemberg a sair do buraco financeiro. E nesse caso, mataria dois coelhos numa paulada só, de acordo com o (espécie de) porta–voz da categoria, Antônio Eustáquio. Na sua opinião, a Terracap, se seguir normas republicanas, tem condições de combater o crime de grilagem e reforçar o caixa do GDF.

“Não é necessário vender o BRB. Tem muito dinheiro espalhado por ai. É mais fácil fazer uns bilhõezinhos vendendo as terras públicas, que foram griladas na região do Setor São Bartolomeu (Administração do Lago Sul), durante o desgoverno do Agnelo”, diz Eustáquio.

– Essas terras pertencem à Terracap. Se nessa área fossem leiloados lotes para shoppings, grandes mercados e faculdades, o GDF arrecadaria quantos milhões?”, questiona Eustáquio, sugerindo que uma ação enérgica da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal contra os grileiros trará os resultados almejados pela sociedade.

As constatações do arquiteto não param por aí. Segundo ele, também existem as áreas que tiveram restituição de posse julgadas e não foram resgatadas. “Quantos bilhõezinhos a mais?”, insiste.

A questão fundiária necessita de respostas urgentes, defende Antônio Eustáquio, sob o risco de o crime continuar compensando em Brasília.

Mas, levando em consideração o que foi feito com a Terracap durante os últimos anos, há dúvidas, entre estudiosos do governo de Rollemberg, se realmente a estatal pode render o que se imagina, e fazer de fato jus ao predicado que leva o seu título, o de desenvolvimento.

Felipe Meireles – Colaborou Elton Santos

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