Curta nossa página


Cade vira manchete no dia em que o combustível incendeia Brasília

Publicado

Autor/Imagem:


Várias podem ser as visões sobre os fatos. Várias podem ser as interpretações sobre o que há por trás dos fatos. Na manhã desta terça-feira, 24, comandada pelo delegado federal João Pinho, foi deflagrada a ação de prisão, busca e apreensão de pessoas e provas, de uma operação que recebeu o nome de Dubai. Faz sentido, envolve o disputado ouro negro, riqueza que até o Estado Islâmico está em busca, ainda que tenha que degolar inocentes.

A degola no Distrito Federal é outra e envolve um mercado bilionário de combustíveis veiculares: gasolina e álcool, principalmente. De um lado, um grupo pioneiro que está no mercado desde 1964. De outro, diversas empresas concorrentes com histórico mais recente no mercado local.

Pinho, o federal, afirma ter fundamentos suficientes para mandar prender e arrebentar cofres. A ação vem com o carimbo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade, que pode determinar se um grupo tem ou não o monopólio de um determinado mercado.

É o Cade, por exemplo, que vai dar o aval a uma das maiores transações atuais em andamento que é a compra, pela J&F, do controle da Alpargatas – dona das marcas Havaianas, Osklen, Mizuno, Timberland e outras – vendida pela Camargo Corrêa. A compradora J&F tem, entre outros negócios, a Friboi, que Lula desconhece. Hummm… A Camargo Corrêa é peça nos autos da Operação Lava-jato. Hummm…

Mas deixando de lado uma das dez maiores operações empresariais dos últimos tempos, em que os envolvidos parecem estar acima de qualquer suspeita, voltemos ao assunto do Distrito Federal que é movido por um combustível mais caro, segundo o federal, do que deveria ser.

Difícil é entender porque não houve a determinação de ajuste dos preços, uma vez que havia cinco anos que a investigação estava em pauta. Talvez porque os cálculos definitivos de ajustes só foram feitos agora. Hummm…

Independente das centenas de milhares de empregos diretos e indiretos que o grupo Cascol e outros agora investigados produziram ao longo das décadas, da grande contribuição aos cofres do GDF em impostos – é a terceira maior receita do DF -, os acusados estão diante de um arrebatador inimigo munido de mísseis legais, onde nem os governos unidos da França, Inglaterra, EUA e Rússia podem intervir. Afinal, aqui é Brasil.

A menos que haja outra inteligência ou contrainformação, a versão que é manchete tem tudo para virar fato. Quem tem o poder pode bisbilhotar o que bem entende. E quem investiga os órgãos fiscalizadores? É uma pergunta que merece ser respondida. Existem outras forças, menos produtivas e até inúteis, que chegam ao mercado produtivo de forma clandestina e dele querem benefícios sem nunca ter suado para construir conglomerados privados erguidos com persistência e trabalho. Residem na classe política, se locupletam de influência temporária e infestam a burocracia legal com segundas e terceiras intenções. É a classe política que introduz gente de origem duvidosa no seio dos grandes negócios.

Em Brasília não é diferente. Muitos, em tempo recorde, criam também conglomerados financeiros por meio de movimentos bolivarianos, mas disfarçam muito bem. Tem origem em sindicatos de categorias menos informadas. Só não estão isentos da lupa da imprensa que busca o teor verdadeiro das ações, ainda que sejam promovidas por instituições públicas que detêm o poder de selar grandes transações, mandar prender e acontecer.

O GDF vai devolver ao cidadão os impostos que incidiram no sobrepreço do combustível? Quem vai responder? O deputado distrital sobre o qual recai a informação de articulador da operação também precisa ser investigado. O Cade vai aprovar a compra e venda entre a J&F e a Camargo Corrêa, antes de decidir o caso Cascol? Hummm…

Comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência Estadão, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.