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Carreras vem e faz orquestra correr com novos ritmos

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João Luiz Sampaio

Aquarela do Brasil. Uma partitura de orquestra está repleta de números que ajudam os artistas a se localizar durante os ensaios. E antes que a música comece a soar, o maestro anuncia mudanças. Compassos 76 e 77, fuera. Despues de 97, voltamos a cinco ocho. Uno, uno, siete; uno, uno, ocho. Fuera. “Está claro? Vamos tentar”, ele diz. Começa a soar a abertura da ópera O Guarani, de Carlos Gomes – mas ela logo se transforma na conhecida melodia de Ary Barroso. “Muy bien.”

A rotina de ensaio da Orquestra Juvenil Heliópolis, na sede do Instituto Baccarelli, foi um pouco diferente nesta quinta, 18. Desde as 2 da tarde, a orquestra trabalhou com o maestro espanhol David Giménez em um repertório de árias de óperas e canções populares dos mais diferentes compositores e países. Giménez já acompanhou cantores como Plácido Domingo e Montserrat Caballé, é regente convidado de teatros como o Real de Madri ou Ópera de Stuttgart. Mas há ainda um outro dado importante em sua biografia: é sobrinho do tenor catalão José Carreras – com quem o grupo vai tocar nesta sexta-feira, 19, e domingo, 21, em São Paulo e na próxima quarta-feira, 24, no Rio de Janeiro.

A tarde de ensaio aconteceu sob a expectativa da chegada de Carreras a Heliópolis. Às 16h30, no intervalo do ensaio, músicos conversavam. Isabela Menendez, de 20 anos, e Gabriela Cardoso, de 23, ambas violinistas, conhecem Carreras dos concertos dos Três Tenores. O cantor, é fato, está no imaginário de quem se interessa por música. É uma das lendas da ópera em nosso tempo, com gravações, em especial do repertório francês, tidas como referência. “Preparar um concerto como esse exige uma rotina mais intensa de ensaios, é uma enorme responsabilidade”, diz Isabela. “A atenção à técnica é muito importante, mas tem música popular, então há uma liberdade de interpretação interessante, completa Gabriela.

Non ti scordar di me, árias de Puccini, canções italianas, espanholas. O ensaio já havia recomeçado quando Carreras chegou, às 6 da tarde. Acompanhado de três seguranças, estava escoltado por uma viatura da Polícia Civil. Foi direto para o camarim, mas não demorou muito a seguir para a sala de ensaios. Entrou discreto, sorridente, cumprimentou os músicos. A voz, aos poucos, começa a soar – e não demora muito para reconhecer o timbre especial. Ao fim da primeira música, aplausos da orquestra. “Eu nunca tinha ouvido um cantor lírico assim de perto, é outra coisa, não?”, diz uma musicista. É o tal do poder da música.

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