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Uns tragos

Coisas do repórter Palmeira… até continência tinha

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José Escarlate

Final de ano para o Palmeira era uma festa. Um dia, ganhou um perú de Natal dos amigos. Levou-o para casa, mas a mulher, dona Gema, não quis hospedar o bípede.

“Guarda na casa de um amigo. Quando eu precisar aviso e você vai buscá-lo” – decretou. E o Palmeira não se fez de rogado. Disse para a mulher que iria guardá-lo no sítio do cinegrafista Dino Cazzola.

O tempo passou e aí a Dona Gema pediu ao Palmeira para buscar o perú, já que daí dois dias era Natal. Palmeira enrolou daqui, enrolou dalí e, junto com o Augusto Araújo, foi tentar comprar um perú no mercado.

Não havia mais nada. A verdade é que o Palmeira havia passado o perú nos cobres. Foi até a Cidade Livre, o atual Núcleo Bandeirante, comprou um galo velho, parrudo, e encheu o bicho de cachaça. De alma lavada, como o mais puro dos cristãos, fez a entrega do bicho à dona Gema.

Quando ela percebeu o engodo, o galo já estava assando no forno. De tão duro – segundo o próprio Palmeira – o galo consumiu quase todo o botijão de gás.

Resultado: na noite de Natal, ele foi dormir no chão do quarto de empregada da 306 Sul, onde havia uma esteira. Apesar de seus muitos casos, ele era uma pessoa boa.

Dizia que tinha coração de mãe, sempre cabendo mais um. O grande defeito é que ele era espaçoso, muitas vezes, inoportuno, e não tinha o menor “simancol”.

Não era muito de comida, mas nas recepções de formatura de turmas militares sempre pintava um bom uísque, importado. Palmeira era bom de copo e ficava na festa até o fim, circulando desenvolto pelas rodas de militares. No mínimo, esperando o “choro”. Se sentia em casa.

Apesar de irreverente, todos gostavam do Palmeira. Já na EBN, vindo da Agência Nacional, o velho repórter teve um distúrbio circulatório. Hospitalizado pela família, seu filho Márcio me contou que o estado dele era grave. Mas mesmo assim recebeu alta dos médicos, com a recomendação de não beber mais.

A partir daí, passei a vigiar o Palmeira. Eu queria receber a matéria dele na minha mesa, para ver se ele havia tocado em álcool. Muitas vezes ele fugia. Largava a matéria na chefia de reportagem, com o Riella ou o Bosco, e sumia.

Mesmo com essa restrição, que para ele era um absurdo, o Palmeira ainda fez boas coberturas para a EBN, sempre cobrindo área militar.

PV

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