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Carnaval

Crivella abre as portas para Eva e gera polêmica

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Roberta Pennafort

Organizadores de blocos tradicionais do carnaval de rua do Rio estão preocupados com os rumos da festa. Este ano, a prefeitura autorizou o desfile de 469 blocos, num total de 577 desfiles. Um deles está provocando a controvérsia: o Bloco Eva, de Salvador, que deve sair na Praia do Pepê, zona oeste do Rio, no dia 4 de março. O grupo baiano já havia tentado se apresentar na cidade em outros carnavais, mas havia sido vetado.

A jornalista Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, associação que reúne 11 blocos, está apreensiva com a “invasão” e com a “visão comercial” que a gestão do novo prefeito, Marcelo Crivella (PRB), em sua avaliação, tem do carnaval. “Eles chamam o carnaval o tempo todo de ‘principal produto turístico da cidade’. Essa abordagem nos deixa inseguros, porque não sabemos para onde eles querem levar esse produto. A autorização do Eva nos deu um sinal negativo, acendeu a luz de alerta. A gente não quer perder a essência do carnaval”, afirmou.

A desconexão do bloco com a cidade vem sendo ressaltada nas redes sociais pelos foliões cariocas. A crítica não se concentra no gênero musical – que já está presente do carnaval do Rio em outros blocos -, mas na vinda de um grupo de fora. O engenheiro Floriano Torres, fundador do Que merda é essa?, que desfila há 22 anos em Ipanema, contou que a “importação” já foi tentada no passado, mas os blocos resistiram, e o antigo prefeito, Eduardo Paes (PMDB), não deu autorização.

“Dessa vez, não nos ouviram. O carnaval do Rio é espontâneo, e esse tipo e bloco é totalmente comercial. Recife e Olinda nunca permitiriam isso, porque não cabe lá. O Rio já tem bloco demais. Há os que tocam outros ritmos, como frevo e sertanejo, mas estes são do Rio, e não ‘importados’. Vir caminhão da Bahia para o Rio é um absurdo”, disse Torres.

O Bloco Eva, que tem como atração a Banda Eva, sai três vezes em Salvador, no circuito Barra-Ondina; uma vez, no esquema “pipoca” (gratuito), e duas, com cobrança de abadá de R$ 200. No Rio, será gratuito. A Riotur garante que ele terá estrutura de bloco, e não de trio elétrico. O local do desfile ainda está sendo acertado entre as partes, de acordo com a Riotur, mas o bloco informou à reportagem que já foi acordada a Praia do Pepê.

O presidente da Riotur, Marcelo Alves, defendeu a presença do Eva no Rio: “No carnaval de rua do Rio tem rock, tem reggae, tem funk, por que não axé? Não posso discriminar um gênero musical. O que não permito é que se perca a essência do carnaval”, declarou, em entrevista à GloboNews.

O boom do carnaval de rua na cidade se deu no início dos anos 2000. Na gestão Eduardo Paes (2009-2016), a festa foi organizada, ganhando maior estrutura de segurança e limpeza – ainda considerada insuficiente. O número de banheiros aumentou 25% em relação a 2016, chegando a 31,8 mil unidades, contando contêineres e mictórios. São esperados 1,5 milhão de turistas e um impacto na economia de R$ 3,3 bilhões.

Em ano de crise, em que as pessoas têm menos dinheiro para viajar, organizadores de blocos acreditam que o público deve aumentar. O número de desfiles também poderá crescer. Por ora, os 469 blocos já autorizados estão concentrados na zona sul (26,9%) e centro (19,9%). O Cordão da Bola Preta, Bloco da Preta, Giro do Arar com Anitta e Monobloco sairão na Rua Primeiro de Março, e não mais na Avenida Presidente Vargas, como havia sido aventado.

“Estamos sendo muito rigorosos com segurança e conforto, trabalhando 25 horas por dia nisso, e o número de blocos pode ser ampliado. Vamos fazer um carnaval inesquecível”, garantiu Marcelo Alves.

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