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De Chico para Chico. E Geni entra na polêmica da gasolina distrital

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Dos acordes dissonantes do cantor Chico Buarque para o discurso efusivo do deputado distrital Chico Vigilante (PT), os versos que deixaram de ser apenas uma música para se tornar a realidade do Legislativo local. “Joga pedra na Geni! Joga pedra na Geni! Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir! Ela dá pra qualquer um! Maldita Geni!”, disse o famoso cancioneiro em mais uma de suas obras primas.

Na sessão ordinária desta quarta-feira (25) Vigilante comparou: “Não acho justo que todos os deputados sejam colocados na mesma situação. Tá ficando difícil para um homem honesto e decente fazer política no Brasil. É preciso que o Legislativo deixe de ser tratado como a Geni”.

O que nem todos sabem, mas cabe aqui ressaltar, é que a letra foi escrita justamente como uma forma da sociedade e do autor criticar a política na década de 70, auge da ditadura militar. Hoje, é um político que critica a sociedade, e sobretudo a imprensa, usando a Geni buarqueana.

A Geni foi o pano de fundo que Vigilante empregou para se defender do Ministério Público do Distrito Federal. Na última terça-feira (23), o órgão atravessou a Estrada Parque Indústria Gráfica (EPIG) e visitou a Câmara.

Oficiais de justiça tinham por objetivo comunicar os deputados sobre uma ação civil pública movida, recomendando a interrupção do uso com dispensa de licitação para a aquisição de combustível e lubrificantes em postos da capital da Republica e periferia.

Também por meio de sua presidente Celina Leão (PDT), a Câmara Legislativa rebateu o MP e alegou que a Casa gastou menos do que publicado.  Juntos, e durante todo o ano de 2014, os parlamentares gastaram 580 mil reais com gasolina. “O recurso é legal, lícito e os gastos são transparentes”, enfatizou Clina em pronunciamento no Plenário.

Mas combustível é assunto muito delicado dentro do Legislativo brasiliense. A relação entre os deputados e os postos de gasolina é cercada de mistérios. E embora uma CPI tenha confirmado a existência de um cartel, ninguém se atreve a transferir a imagem da Geni da Câmara, para a Geni representada pelos empresários que enriquecem com o dinheiro público (usado pelos distritais) e da própria sociedade, que não tem alternativa de preços diferenciados na hora de abastecer seu carro.

No início deste ano, o aumento exorbitante da gasolina trouxe novamente à tona um assunto polêmico: um projeto de lei que tem por objetivo liberar a instalação de postos dentro de shoppings e supermercados.

Até o momento, o PL não saiu da gaveta. Os distritais não entram em consenso. O que alimenta desconfianças em relação à votação e aprovação do texto é que os deputados têm forte vínculo com os postos de combustíveis, principalmente os do grupo Cascol.

Recentemente, Notibras publicou reportagem indicando que só na campanha eleitoral do ano passado, os deputados gastaram mais de 500 mil reais em combustíveis das bandeiras Petrobras e Ipiranga, que abastecem a rede Cascol. Para acabar de vez com suspeições, o MP quer que os deputados comprem combustível por meio de licitação.

Elton Santos

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