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Distritais recebem em doações parte de dinheiro da Câmara

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Pode até não ser promíscuo, mas é no mínimo suspeito, conforme declarações do professor de Administração Pública da UnB José Matias Pereira em declarações à CBN. Tem a ver com as contribuições recebidas por deputados distritais que tentam a reeleição. Coincidência ou não, parte desse dinheiro – quase dois milhões de reais – saiu antes da própria Câmara Legislativa.

Segundo a CBN, sete deputados receberam doações de empresas que eles contrataram nos últimos quatro anos. De acordo com a prestação de contas exigida pela Justiça Eleitoral, os parlamentares receberam quase R$ 3 milhões, a maioria de pessoas jurídicas.Quem mais se beneficiou foi Robério Negreiros (PMDB)

A Cascol Combustíveis, por exemplo, contribuiu com mais de R$ 52 mil para a campanha deste ano. Seis dos sete distritais beneficiados utilizaram verba indenizatória para abastecer na rede. Robério foi o deputado que recebeu a maior quantia da empresa e também o que mais abasteceu nos postos. Em um mês, chegou a apresentar notas que somaram R$ 5,4 mil.

– A relação é no mínimo suspeita, diz José Matias Pereira.

“Você fazer uma espécie de operação casada, consumo de gasolina com dinheiro público e depois no período de campanha esse mesmo posto vem e aporta recurso para a minha campanha, fica uma questão que precisa ser examinada. Acho que o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Distrito Federal precisam examinar não apenas esse caso, mas o que está havendo com essas verbas indenizatórias, porque estamos falando de recursos públicos.”

Neste ano eleitoral, o deputado Paulo Roriz, do PP, utilizou mais de R$ 19 mil da verba indenizatória para abastecer no mesmo posto de combustível e recebeu da Cascol R$ 9 mil de doação para campanha. Em março deste ano, abasteceu mais de 37 vezes. O presidente da Câmara Legislativa, Wasny de Roure, do PT, utilizou mais de R$ 20 mil para abastecer na rede. O juiz eleitoral Marlon Reis, um dos responsáveis pela criação da Lei da Ficha Limpa e fundador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, defende o fim do financiamento privado de campanha. Segundo ele, as “doações” nunca são gratuitas.

– Na nossa avaliação, o que acontece é um investimento. As empresas adotam a postura de doar esperando uma contrapartida em forma de dinheiro público. É preciso fechar esse público. As empresas não podem doar. Precisamos adotar um modelo de financiamento baseado em doação individual e em financiamento público. Campanha é para ser algo barato.

Já o deputado Claudio Abrantes, do PT, recebeu dinheiro de uma empresa de advocacia que ele contratou durante seis meses do mandato. Nesta corrida eleitoral, os deputados distritais arrecadaram R$ 1,9 milhão de empresas.

Nota da Redação – Após a publicação da matéria, o gabinete do deputado Robério Negreiros, para justificar os gastos com gasolina e a contribuição para a campanha, emitiu o seguinte comunicado:

“O fato do gasto de verba indenizatória (que não é da campanha e sim do mandato parlamentar) ser em empresa de combustíveis de mesma matriz , é justificado por ser a única rede que possui pontos de abastecimento em todas as cidades do DF e uma das poucas que oferece o serviço de compra de ticket combustível. Diante disso, afirmamos que nossas doações de campanha obedecem rigorosamente as exigências da legislação eleitoral. E ainda asseguro que utilizamos a verba indenizatória com ética e respeito ao cidadão.”

 

 

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