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Ditadura de Collor pune mais que linha dura dos militares que assumiram em 64

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José Escarlate

Era eu Coordenador de Comunicação Social do ministro da Integração Regional, Aluízio Alves, durante o Governo Itamar Franco, por indicação do Tarcísio Holanda e do Wilson Ibiapina.

Pela manhã, logo após minha chegada ao Ministério, recebi uma ligação telefônica, em torno das 8 horas. Do outro lado da linha uma senhora, que deveria ser secretária, pedia a minha interferência para que o senador Ney Maranhão fosse recebido, às 9h30m pelo ministro.

Aluízio Alves aprovou a audiência e, minutos, depois tive o primeiro reencontro com o então senador Ney Maranhão. Com memória fotográfica, ele me reconheceu, quis saber como fora resolvido aquele meu problema de 20 anos passados, quando fui despejado, por força do AI-5, do apartamento que me fora alugado pelo senador, e como ia a minha vida.

A audiência teve a duração de 1h20m. Ao despedir-se do ministro, disse que estaria viajando ao meio-dia, para a China, que já era o seu carro-chefe. Maranhão foi até o meu gabinete beber água e saborear um cafezinho, quando então pude lhe contar que, da mesma forma como ele fora punido pela ditadura dos militares, eu também havia sido punido, mas desta vez, pela democracia de Fernando Collor de Mello.

“Doido como você” – O ex- senador Ney Maranhão, que era amigo tanto de Itamar Franco quanto de Collor, contou que, candidato ao trono do Palácio do Planalto, Collor o incumbiu de convencer Itamar a aceitar ser vice em sua chapa, na campanha presidencial. Precisava de um nome forte em Minas Gerais. Itamar não queria, sempre dava para trás. “Não, não e não” – rebatia.

Segundo Ney Maranhão, ele usava um argumento que parecia definitivo, ao recusar ser vice de Collor: “O homem é doido, e será difícil governar o Brasil” – adiantava. E mais adiante lembrava que “o páreo é muito duro pois estão na disputa Leonel Brizola, Mário Covas e agora até o Lula”.

Aí o Ney Maranhão me disse que não se conteve e contra-atacou: “Ele é um doido exatamente como você e, com dois doidos juntos, geralmente a coisa anda”.

Ligadão em Collor, Ney Maranhão teve que administrar, na fase final do impeachment, a afirmação do ex-presidente que caiu em desgraça, de que Itamar sempre conspirara contra seu governo. Quando se referia a Itamar, Collor dizia ser ele “uma negativa de que há vida inteligente na terra.”

PV

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