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Galpões vazios são retrato de uma crise eterna

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Márcia De Chiara

Um dos retratos da crise na economia está estampado ao longo das estradas paulistas. Num raio de mais de 100 quilômetros da capital, percorridos pelo ‘Estado’ entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, há centenas de placas de alugam-se galpões, além de áreas industriais e rurais à venda e painéis vagos à espera de anunciantes num dos principais corredores logísticos do País. É o reflexo concreto da mais longa e profunda recessão, que fez inúmeras empresas encolherem ou fecharem as portas.

Pela primeira vez desde que o setor de galpões logísticos começou a se desenvolver no País em 2010 houve neste ano devolução de imóveis pelos inquilinos. Só no Estado de São Paulo 38 mil metros quadrados (m²) foram entregues de volta aos locadores no 3º trimestre, nas contas da Cushman & Wakefield, consultoria especializada em serviços imobiliários. Nesse total estão descontadas as novas locações ocorridas no período.

A ociosidade é tão grande que a área galpões vagos no Estado de São Paulo soma 2,4 milhões de m². Isso equivale a mais de 300 campos de futebol.

“Nunca havia tido devolução líquida de galpões”, diz Gustavo Garcia, chefe de pesquisa de mercado para a América do Sul da consultoria.

Ele explica que nesse período houve uma segunda fase de ajuste das empresas ao tamanho menor do mercado. Na primeira fase, a correção ocorreu nas companhias ligadas ao setor de veículos e da construção civil. Agora, diz Garcia, o ajuste pegou os setores ligados a móveis, eletrodomésticos e eletrônicos. Assim como a construção civil e veículos, esses segmentos também são movidos a crédito, mas com prazos menores. No entanto, o ritmo de produção e vendas foi igualmente afetado pela escassez de financiamentos.

Embora o Estado de São Paulo seja o principal mercado, o movimento de devolução de espaços vazios também ocorreu em outras regiões, mas em menor proporção. A pesquisa aponta que no Paraná foram devolvidos 18 mil m² e em Pernambuco 14 mil m² no 3º trimestre, descontadas novas locações. A região Norte foi a única que apresentou valor positivo para o indicador.

Vacância – Com o encolhimento das empresas, o nível de ociosidade nos galpões logísticos disparou. A taxa de vacância no País atingiu 22,7% e no Estado de São Paulo subiu 23,8% no 3º trimestre. Essa vacância e o setor corria para entregar novos empreendimentos.

Garcia acredita que a ociosidade encerre este ano em 24,5% e permaneça nesse patamar durante o próximo ano por causa do processo de reacomodação das empresas que ainda está em curso: “A ociosidade “.

Outro indicador do momento de ajuste aparece no preço pedido de locação. No terceiro trimestre, a cotação média do metro quadrado era R$ 19,99, uma cifra 2,5% menor em relação ao valor pedido no mesmo período do ano passado, sem descontar a inflação Garcia frisa que esse é o preço pedido. O preço fechado deve ser menor por causa dos descontos dados pelos proprietários.

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