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Manicardi, braços direito e esquerdo de dr. Ulysses, tinha histórias para contar

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José Escarlate

Pouco antes de morrer, Oswaldo Manicardi, braço direito e esquerdo do dr. Ulysses Guimarães, companheiros e amigos desde sempre, me recebeu em sua casa. Seria uma conversa amena, lembrando passagens do seu grande amigo e companheiro de vida.

Conheci o Oswaldo no Palácio do Planalto, quando ele acompanhava o doutor Ulysses, então presidente da Câmara Federal, que assumia a presidência da República nas viagens de Sarney. Como a cúpula do Planalto viajava com o presidente eu, que era da Secretaria de Imprensa, ficava para atender o dr. Ulysses.

A amizade entre nós, eu e o Oswaldo, prosperou. À noite, após o expediente, convidado, eu acompanhava o dr. Ulysses à sua casa, onde havia uma gaiola enorme com um tucano preso pelo pé. Ali, ele recebia um monte de jornalistas para um bate papo informal. A grande sala ficava lotada. Era repórter sentado nos sofás, cadeiras e até no chão, aos pés do então presidente em exercício. E o papo fluía até altas horas da noite. O ambiente era extremamente acolhedor.

Determinada hora, Dona Mora chegava à sala e convidava a todos para “comer alguma coisinha”. E lá íamos todos para a boquinha, após o que o período de conversa era encerrado. Afinal, dia seguinte era dia de trabalho.

Oswaldo contou que Ulysses tinha pavor dos chatos. “Ele é o inimigo do gênero humano” – dizia. “É o vento encanado que acaba com qualquer reunião, é o maçante a quem você pergunta ‘como vai?’ e ele resolve contar”. Segundo o político, “o chato não lhe faz companhia e não deixa você ficar só”.

Emocionado, Oswaldo recordou que, no dia 12 de outubro de 1992, ele já estava acomodado no helicóptero, em Angra, para voltar, quando Ulysses o dispensou dizendo: “Fique aqui mais uns dias, Oswaldo, vá passear, namorar. Somos apenas casais”.

Manicardi era tão próximo do dr. Ulysses que, indagado sobre sua formação, tinha a resposta na ponta da língua: “Conviver com o dr. Ulysses foi uma escola política, uma escola de relação com as pessoas. Trabalhei com ele 44 anos. Essa foi a minha formação”. Fui convidado a voltar à casa do Oswaldo outras vezes. Não deu tempo. Deus não quis. Levou o amigo, mas guardo comigo algumas outras histórias, saborosas.

PV

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