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Máscaras no chão

Ministério Público decide liberar 800 vídeos da Lava Jato

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José Seabra

O Quarto Poder – expressão empregada para demonstrar o respeito e a influência da imprensa por sua relação direta com a sociedade – terá sua festinha particular no reinado momesco.

O jejum de notícias sobre a Lava Jato, até aqui representado por vazamentos seletivos de delações premiadas, vai acabar. Pode ser nesta sexta, 24. Pode ser na 4ª feira, 1º de março, quando tudo virará cinzas.

Nesse interstício de tempo, ao menos 800 vídeos, com áudio e imagens, chegarão às redações dos principais portais, emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas de todas as capitais. As entregas serão simultâneas. E os conteúdos vão abalar o País.

A decisão foi tomada por próceres do Ministério Público Federal. Grandes figuras da República sangrarão de uma vez só. A garantia foi dada a Notibras por uma influente figura com assento na região central de Brasília.

Apoio do povo – O Ministério Público, instituição permanente que atua em relação estreita com a Justiça, decidiu, por alguns dos seus representantes, divulgar unilateralmente as delações. “É um gesto fundamental para demonstrar que o Estado Democrático de Direito está em pleno vigor”, revelou esse informante.

Semelhante à Advocacia, o MP, porém, não é um dos Poderes da República. No topo da pirâmide existem apenas  o Executivo, Judiciário e Legislativo. Ao Ministério Público cabe promover a justiça – daí serem promotores de Justiça. E é justamente por essa independência, e confiando no respaldo da sociedade, que fez-se a opção da divulgação dos vídeos.

Ao decidirem liberar o ‘pacote das delações’, esses promotores salientaram que a medida é para honrar a instituição. “Ninguém quer ficar com o papel de acusador, selecionando denunciados, atendendo a interesses do Executivo, Legislativo e Judiciário. No MP não há espaço para o corporativismo. O MP não pode se apequenar, desonrar-se. Ele (o Ministério Público) tem uma missão e vai mostrar que não é feito de meros palpiteiros”, frisou a fonte.

Medo em Brasília – Os Três Poderes foram informados do que vem pela frente. O PIB representado pelas empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, UTC e Queiroz Galvão, entre outros grupos envolvidos na corrupção que quebrou a Petrobras, falou tudo o que devia nas delações. E é a esse conteúdo bombástico que o brasileiro terá acesso por meio da imprensa.

A preocupação é reinante no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e até na Praça dos Tribunais. “Não se surpreenda. Tem gente do Poder Judiciário citada nos depoimentos”, sublinhou esse informante, negando que a corrupção esteja restrita ao Executivo e Legislativo.

As delações envolvem figuras já carimbadas – como o ex-presidente Lula e autoridades do governo Temer – como também da Câmara e do Senado. Além de imagens e áudio, os vídeos apresentam farta documentação, como mensagens de e-mails, WhatsApp e até gravações telefônicas.

Indagado se o juiz Sérgio Moro, responsável direto pela Lava Jato, tem conhecimento dessa ‘operação fim de sigilo’, o informante preferiu silenciar. Mas enfatizou que tudo o que foi dito em Curitiba, reservadamente, e homologado em Brasília pelo Supremo, silenciosamente, virá à tona.

O certo é que às vésperas, durante ou logo após o Carnaval, os vídeos serão divulgados. E duas centenas de máscaras irão ao chão.

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