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Sabiá-laranjeira

Noites insones que geram preocupação

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O Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) é a mais comum e a mais conhecida das espécies brasileiras de sabiás, é uma ave facilmente reconhecida pela cor laranja ou ferrugínea de sua barriga ou, pelo seu canto melodioso. É uma das espécies mais populares do país, tão popular que, em 1968, foi declarada por lei (Decreto nº 63.234) como símbolo nacional para o Dia da Ave, comemorado anualmente em 5 de outubro.

Seu belo canto inspirou poetas consagrados como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Tom Jobim, Luiz Gonzaga e Chico Buarque. Mas entre todas as homenagens, uma se destaca na memória popular, o poema Canção do Exílio onde o poeta Gonçalves Dias imortalizou a ave em seus famosos versos: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá”.

Apesar de toda sua popularidade, em 2013 o Sabiá foi alvo de uma das maiores polêmicas do mundo das aves. Inesperadamente, populações da espécie residentes em algumas das grandes cidades do país trocaram o dia pela, noite e, passaram a cantar por toda a madrugada.

De um momento para outro, seu magnífico canto, antes idolatrado em poemas, se tornou o centro de milhares de reclamações.

Mas, qual motivo teria levado populações inteiras desta ave a alterarem drasticamente seus horários de atividade?

Antes de tudo, é preciso entender por que as aves cantam. Para as aves, cantar é questão de sobrevivência, assim como ocorre com outras espécies de aves canoras, os machos de Sabiás cantam basicamente para atrair as fêmeas ou para assustar outros machos, em outras palavras, poderíamos afirmar que, o canto é tão importante para as aves quanto os celulares são hoje para os humanos.

Para investigar o estranho fenômeno, o Instituto Passarinhar criou o projeto a Hora do Sabiá.

Como o próprio nome sugere, seu objetivo é identificar os horários em que os Sabiás cantam.

Mas, diferente de outros estudos científicos, este é um projeto colaborativo, onde os dados sobre a biologia e comportamento das aves são registrados por voluntários, pessoas de todas as idades que participam como verdadeiros cidadãos cientistas.

Lançado em 2013, o projeto que acontece anualmente, já conta com a participação de milhares de pessoas e, se tornou nada menos que o maior projeto de monitoramento colaborativo da América do Sul e, o primeiro projeto de Ciência Cidadã genuinamente brasileiro.

O termo ciência cidadã é o nome dado a projetos científicos onde cientistas ou instituições contam com a colaboração do grande público para registrar e coletar dados na natureza.

Surpreendentemente, as respostas demonstram que as aves das grandes metrópoles começam a cantar em média 5 horas antes que seus parentes do interior. Além disso o estudo vem apontando que as alterações no comportamento das aves são uma adaptação ao trânsito intenso ou, melhor dizendo, o barulho provocado pelos carros, motos e ônibus.

Foi possível comparar regiões e até ruas da cidade com alto índice de fluxo de veículos e, consequente, maior poluição sonora, a regiões com baixo índice e, correlacionar estes dados com a alteração do horário de canto das aves.

Até o momento os resultados demonstram que os Sabiás que habitam regiões altamente impactadas pela poluição sonora , se adaptaram ao barulho excessivo, deslocando seus horários de canto para o meio da madrugada.

Somente no silêncio da madrugada de São Paulo que os Sabiás encontram as condições ideais para se comunicar, ouvir e ser ouvido por outros Sabiás, durante o período reprodutivo.

Segundo Sandro Von Matter, coordenador científico da pesquisa, para compreender de forma ampla como os Sabiás estão sendo impactados pela urbanização e, quais os principal fatores que afetam o equilíbrio das populações da espécie é essencial que o maior número possível de pessoas participe anualmente.

O Instituto Passarinhar convida todos a participar deste projeto inovador, leva menos de 1 minuto, basta acessar o site Hora do Sabiá (www.horadosabia.com) e, preencher o formulário de participação.

Além de agir em prol da conservação da ave símbolo nacional, todos os participantes recebem um certificado especial como cidadãos cientistas.

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