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Orla do Paranoá livre vira palco para a farofada dos pobres do DF

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As quatrocentas cercas de invasão de área pública da Orla do Lago Paranoá começaram a ir ao chão nesta semana. A tese é simples e judicial: contra fatos, não há argumentos. A ação transitou dez anos na justiça após a omissão do Estado ao deixar a área verde mais cara de Brasília ser tomada de “puxadinhos” das mansões, no lugar da construção de áreas de lazer.

A população do Distrito Federal sempre foi cerceada quanto à visitação da área mais bonita de Brasília. O acesso ao Pontão do Lago, onde muitas noivas, casais, crianças foram fotografados, lugar de belíssima paisagem, já esteve fechado. A Península, outra referência de passeio e paisagem, cercada de grades e portões. Ao que tudo indica, a porta do paraíso estará aberta ao povo. Será?

A primeira ação do governo Rollemberg na Orla do Lago foi a criação do “Na Praia”, ponto de lazer usado para várias finalidades, mas que cobra entrada, mesmo sendo patrocinado pelo Banco de Brasília. Pelo visto teremos mais PPPs – parcerias público-privadas – que investem em áreas públicas sucateadas e cobram da população por isso, melhoram o caixa do governo e asseguram o poder do Estado no local.

As derrubadas na Orla irão durar dois anos, mas mesmo assim o presidente da Associação do Lago e o governador, que acompanha de longe as operações da Agefis, acham as intervenções sofridas, embora necessárias para o andamento da preservação das áreas públicas ainda existentes no DF.

Diferentemente das derrubadas do Sol Nascente e Vicente Pires, a Orla do Lago não tem destruição de casas, e sim de áreas de lazer. Mesmo com muito cuidado, o Governo de Brasília recebeu do presidente da associação dos moradores do lago uma alfinetada básica, que comprova a separação da Capital do Brasil por classes sociais: “querem chamar atenção do pobre, agredindo o rico”. Frase chocante, para uma derrubada que já tinha que ter sido feita há anos.

Com declarações desastrosas, alguns moradores da classe rica e poderosa do Lago foram infelizes em suas colocações, como uma moradora que citou que teria o fundo da casa desprotegido, e que marginais e drogados usariam a área, que foi por ela furtada por um tempo. Tipo assim: a diferença social trás o preconceito contra o povo do DF. Pan! Que feio.

Nem Copacabana com toda sua beleza esplendorosa pensa assim. A cidade turística é cercada por comunidades, como o Pavão, Pavãozinho, Chapel Mangueira e Babilônia. Mesmo com diferença social, se misturam no lazer, conversam e trocam favores.

A elite, os artistas famosos e quem habita na grande área turística do Rio de Janeiro, ocupada por coberturas e hotéis fantásticos, de belas estruturas, não deixam de comprar sanduíche natural, biscoito globo e mate leão praianos, fonte de renda das famílias que habitam as comunidades. Alguns tem tanta amizade que criam seus filhos conhecendo as duas realidades.

As favelas se tornaram comunidades, e recebem turistas para passeio e lazer, como exemplo a feijoada no Chapel Mangueira frequentada por moradores e turistas. A condição social do carioca não tira seu lado humano e simpático.

No facebook, o DF comemora e sonha com as ciclovias e o lazer prometidos no futuro Lago Paranoá. Como diz uma amiga famosa de um grupo político: “O Frito está pronto, ou a tão conhecida farofada misturada com o isopor”.

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