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Senhorinha Corsetti, rainha, apressa chegada da televisão colorida ao Brasil

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José Escarlate

A 12ª. Festa da Uva seria o grande marco da história da televisão brasileira. No dia 19 de fevereiro de 1972 foi aberto o grande desfile de carros alegóricos, onde despontavam a rainha da festa e suas 11 princesas, marcando o início das transmissões em cores da televisão, para todo o país, via Embratel. A geração das novas imagens coloridas ficou a cargo da TV Difusora de Porto Alegre, que pertencia aos frades capuchinhos.

Anos mais tarde, o frei capuchinho Dom Isaias Borghetti, que à época dirigia a emissora, lamentou a falta de visão da Igreja, que não entendeu ou não percebeu a importância da televisão na divulgação da fé cristã. Passando por uma crise financeira sem precedentes, embora ajudada pelo Governo, a TV Difusora de Porto Alegre foi vendida em 1980 para a Rede Bandeirantes de Televisão.

A partir daí, os capuchinhos gaúchos se voltaram para as emissoras de rádio, obviamente de menor custo operacional. Hoje possuem, só no Rio Grande do Sul, sete emissoras AM e oito FM.

A motivação da transmissão inicial da TV a cores expôs a vaidade do ministro Hygino Corsetti, que recebeu o aval de Médici. Além de ser natural de Caxias do Sul, Corsetti desejava ver sua linda filha, que se não estou enganado chamava-se Margareth – e queria que o Brasil todo a visse –, que era a Rainha da tradicional Festa da Uva. A vaidade e o capricho do ministro podem ter sido condenados pelos que assistiram ao longo desfile dos carros alegóricos e dos trajes típicos de seus figurantes, mas a beleza e o sorriso irradiante da moça Corsetti foram o grande destaque da transmissão, apesar de ser um sábado chuvoso.

Mas a inauguração oficial da televisão colorida ocorreu somente no dia 31 de março daquele ano, por razões óbvias, já com a regulamentação do Sistema PAL-M. Há quem afirme que a inauguração da tevê a cores no país estava programada para acontecer por ocasião da festa de carnaval do Rio de Janeiro, no mesmo período. As emissoras cariocas, contudo, ainda não estavam aparelhadas tecnicamente e não tinham as mínimas condições para a cobertura do evento. Daí a razão de o presidente ter apoiado o pleito de Corsetti.

O detalhe importante da viagem é que, à época, o salário do chamado pessoal colaborador – ou recibado – da Agência Nacional estava atrasado. Tanto em Porto Alegre quanto em São Paulo e, até mesmo, em Brasília. E não era pouco. Eram seis meses de atraso. Foi quando o Porto, que era amigo pessoal do ministro Leitão de Abreu, aproveitou sua ida para a inauguração da televisão a cores e contou a ele que ja não mais conseguia segurar o pessoal da sucursal. Estava todo mundo a perigo com o atraso salarial. Leitão de Abreu ficou espantado e prometeu tomar providências enérgicas. Uma semana depois, todos, no Brasil inteiro, estavam recebendo seus salários, inclusive os atrasados. Graças ao Portinho.

PV

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