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Sucateada, saúde pública em Brasília vive como na Idade Média

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Dirigentes públicos do setor de saúde do Distrito Federal estudam atualmente as técnicas do grego Hipócrates e do romano Galeno, pioneiros da medicina. A mumificação de cadáveres também é um tema inspirador aos atuais executivos que têm praticado muito mais o nepotismo cruzado do que o aparelhamento da rede que deveria atender ao cidadão enfermo.

É que na medicina antiga não existiam autoclave, parafusos, hastes metálicas, salas cirúrgicas, anestesistas, enfermeiros, fixadores externos para fraturas expostas ou lesões osteovasculares. Só para elencar uma única especialidade que é a da Ortopedia e Traumatologia.

São itens denunciados como inexistentes pela direção do Hospital Regional do Paranoá, que encaminhou ofício ao CRM-DF e ao Ministério Público, relatando que, embora tenham feito o juramento de Hipócrates, não são capazes de incorporar às suas técnicas modernas apenas a talhadeira e a marreta. O documento ressalta o descumprimento ao Estatuto do Idoso que determina o atendimento em no máximo 72 horas. E estamos falando de uma única especialidade e de um único hospital.

A classe médica foi rebaixada e os pacientes são ignorados. Ambos estão em desespero. Cenas da revolta de profissionais foram flagradas pela imprensa, mas não é incomum que médicos e técnicos em saúde cheguem ao limite da paciência diariamente. Pode ser que os dirigentes públicos estejam nesse momento à procura de sanguessugas para resgatar a técnica da sangria, que era o remédio adotado na antiguidade para qualquer problema de saúde. Mas nesse setor, se há algo fácil de encontrar, são exatamente sanguessugas. Só que estão levando na bagagem milhares de vidas.

Um médico anestesista comentou: “Chegamos ao absurdo de ter que fazer a escolha entre dois pacientes, como se fosse nossa a decisão de quem vai viver ou morrer, por falta de estrutura, medicamentos e instrumentos. É desesperador!”.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, doutor Gutemberg Fialho, nesta semana foi gravado afirmando que os profissionais da saúde iriam boicotar o governo de Rollemberg. A declaração provocou indignação e muitos jornalistas saíram em defesa do Buriti, inclusive oferecendo espaço em telejornais para que um porta-voz com plano de saúde privado, afirmasse que o médico deveria atender de qualquer maneira: sem hospitais e sem aparelhamento porque fizeram um juramento.

Então fica a pergunta: Não deveriam também eles, executivos públicos, fazer um juramento de atender aos profissionais e pacientes da rede pública e o seu provimento? Quem sabe assim os governantes se vissem obrigados a acolher seus doentes com dignidade.

O SindMédico DF publicou manifesto nesta sexta, 13, com o comunicado de suspensão da greve que havia mais de 30 dias. Enquanto isso, nos bastidores do Palácio do Buriti, o conselho é não olhar pelas janelas. Só assim é possível não perceber que estamos em 2015 e sonhar com as técnicas de Hipócrates e Galeno, de um tempo em que a idade média não ultrapassava 30 anos. Ah… então, tá explicado!

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