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Terror atrai jovens sem futuro; é preciso olhar para nosso próprio umbigo

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Fico contente quando no meio de opiniões ideologizadas, incapazes de análises mais sofisticadas, aparecem pessoas dispostas a pensar. Visto que a luta desesperada dos veículos de comunicação, para passar mensagem dúbia, que confunde islamismo com terrorismo de modo ideológico-proposital, diz que o recente atentado em Paris é culpa dos Estados Unidos. Como pode isso?! Além do mais, os terroristas não conseguem armas sempre com a CIA. Esse mito é uma conversa que sobrou dos tempos da Guerra Fria.

O grupo autodenominado “Estado Islâmico” assumiu a autoria dos ataques na capital francesa na sexta-feira (13), que deixaram pelo menos 129 mortos e 352 feridos. O grupo disse que os atos foram “cuidadosamente estudados”, mas ainda estão emergindo os detalhes sobre como eles foram concretizados.

Mas, como são as entranhas e por que desses atentados, e mais ainda, por que a França novamente?

Fricções étnicas, radicalização, extremismo e imigração são pontas das raízes que confundem a verdadeira face desses atentados e misturam religião, política e economia, propositadamente. Fracasso educacional, problemas de família e emprego estão na outra ponta.

Na França de Paris, que foi alvejada mais uma vez por ser um “símbolo de liberdade” e que por muitos anos os subúrbios parisienses e de outras cidades foram vistos como terreno fértil para extremistas, que recrutavam jovens descontentes com desemprego e ostracismo.

Porém, os raciocínios não podem ser simplistas assim. Até porque o terrorismo não quer o terror em geral, mas o terror dirigido. Hoje, a foice e o martelo, marcas do comunismo, não são mais grife entre os jovens rebeldes desse e dos próximos séculos.

Uma lição que fica, nesse momento, é a de que se faz necessário identificar quais redes de indivíduos merecem atenção especial nesse momento dramático vivido em Paris. A França possui agências de inteligência poderosíssimas, mas nenhuma delas tem condições legais ou logísticas de realizar a vigilância intrusiva e constante de milhares de cidadãos que não foram acusados de nenhum crime, mas que são alvos potenciais, gestados nas entranhas dos extremistas radicais e ideológicos.

No Brasil, como na França, perdemos jovens para o submundo do crime, narcotráfico e outras mazelas sociais. Menos para o terrorismo. São descontentes e marginalizados, vitimados pelo fracasso das políticas públicas que se arrastam por esse país Continente. E como uma coisa leva a outra, é preciso refletir e olhar para o nosso próprio umbigo.

“Aquele que está privado daquilo que permite viver prudentemente, belamente e justamente, não pode viver feliz, mesmo se for correto e justo.” (Epícuro).

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