Batom vermelho
Praga de gafanhoto pode fazer do BRB uma lavoura arrasada

O Banco de Brasília é um banco sólido; ainda. Mas vem perdendo musculatura ao longo dos últimos quatro anos. Os acionistas minoritários (o GDF detém a maior parte das ações) estão preocupados com o futuro a curto e médio prazos. Verdade seja dita: o BRB registrou um lucro no último exercício, mesmo que ínfimo. Mas, para analistas de mercado, o custo foi muito alto. E que o dinheiro que fez o bolo crescer veio da venda de ativos.
Para usar uma linguagem popular, comumente empregada por educadores financeiros, o que Paulo Henrique Costa, presidente do BRB fez, foi vender uma cobertura para comprar uma quitinete. O fluxo de dinheiro aumentou nos cofres do banco, mas os ativos (o patrimônio da instituição) estão desaparecendo como água entre os dedos.
Agora, para usar uma linguagem de economistas: é uma gestão temerária, de vaidade, de quem se desfaz dos seus bens para ficar bem na foto. Uma leitura superficial no próprio balanço anunciado há oito dias, relativo ao exercício de 2022, indica que o lucro foi de 305 milhões de reais (o mesmo patamar de outros anos, com a diferença de que os ativos não eram vendidos). Porém, na ponta do lápis, sumiram do papel 41 milhões de reais dos fictícios 346 milhões informados por Paulo Henrique Costa.
Analistas dizem que houve uma maquiagem, mas não uma manipulação do balanço. O problema é que o dinheiro que entrou não procede de negócios, mas de negociação de bens. Neologismos e metáforas à parte, Paulo Henrique, segundo quem analisou o balanço com olhos de quem entende do assunto, fez-se moça com batom vermelho para chamar mais a atenção, numa suposta tentativa de vender uma imagem inexistente. Pior para os acionistas do BRB, que terão depositados em suas contas na sexta-feira, 24, a título de dividendos, milésimos de real por ação.
Outra comparação plausível para a gestão de Paulo Henrique, é lembrar a atuação dele à uma praga de gafanhotos que acaba com lavouras. Se for uma plantação de milho, pior ainda. Não sobrará grão sobre grão das espigas. Esse é o maior temor. Se PH, melhor CEO bancário da América Latina a um custo de marketing (o que é normal) de 50 mil libras, continuar à frente do BRB por mais tempo, vai valer o velho ditado – seja o que Deus quiser.
