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100 dias em que o ouvido do povo deixou de ser pinico

Nesta semana, Bolsonaro completou 100 dias em prisão domiciliar, e eu confesso que sinto um certo alívio no ar. É como se o país tivesse, finalmente, apertado o botão do silêncio depois de anos de ruído constante. Cem dias sem ter que ouvir a voz dele, sem ter que escutar impropérios, insultos, palavrões ou ameaças veladas travestidas de “opinião”. Cem dias em que a nação respirou um pouco mais fundo, e eu também.

É curioso perceber como o barulho pode nos adoecer sem que percebamos. Aos poucos, eu fui me habituando àquele tom agressivo, ao vocabulário torpe, ao clima permanente de confronto. Era difícil.

Agora não. Agora existe uma pausa. Uma suspensão necessária. Não há lives para ofender instituições, não há discursos inflamados para colocar brasileiros uns contra os outros, não há aquele tipo de energia corrosiva pairando no ar. E, nesse silêncio, eu percebo que o país volta a se ouvir. A conversar. A discordar sem precisar destruir. A olhar para os próprios problemas sem o filtro da histeria.

É claro que 100 dias não apagam o estrago feito, nem reconstroem do dia para a noite a confiança ou a estabilidade democrática. Mas, para mim, simbolicamente, representam algo importante: o fim da agressividade como método.

O país está mais calmo e eu também. Depois de tantos anos de tumulto, esses 100 dias de tranquilidade quase parecem uma vitória coletiva. Que venham muitos mais. Porém, na Papuda, pois prisão domiciliar é café com leite para quem atentou contra a democracia.

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