Sou viajante de mim mesma,
um andarilho das emoções em brasa,
caminhando por dunas de pensamentos
onde o vento sopra memórias
como folhas secas de um outono que nunca terminou.
Minha mente, um deserto de luas partidas,
onde os sonhos, como caravanas dispersas,
perdem-se entre miragens de promessas não cumpridas.
E ainda assim, sigo —
com os pés feridos de esperança
e os olhos cheios de sede.
Escuto o silêncio como quem ouve um segredo antigo,
um eco que vem das cavernas do coração.
Cada passo é um poema inacabado,
cada tropeço, uma vírgula no verso da existência.
Procuro o amor não como quem busca abrigo,
mas como quem deseja ser abrigo.
Quero ser o lençol de brisa
que cobre a pele da ausência,
o cálice onde o néctar da presença
se derrama sem pressa.
Entre espinhos e constelações,
vejo a silhueta que habita meus delírios
não como miragem,
mas como escultura viva
esculpida no mármore do desejo.
Ela é a fonte que canta no centro do meu deserto,
a flor que floresce mesmo sem primavera,
o mapa que meus dedos procuram
nas linhas do destino.
E eu, louca serena,
cosmopolita de sonhos e náufrago de mim,
navego pelos pontos cardeais da ausência
com a bússola do instinto
e a vela da esperança.
Quero encontrar o jardim onde o tempo repousa,
onde as rosas vermelhas não murcham,
onde o verbo “amar”
é conjugado com o corpo, com a alma,
com a eternidade.
E ali, sob o luar que beija o mar,
quero ser metade e inteira,
ser chama e abrigo,
ser grito e silêncio,
ser o oásis onde o amor
bebe de si mesmo
e nunca mais tem sede.
