Quando elas se ausentam,
a existência se curva em silêncio,
e fico à deriva no abismo do indizível.
Mas quando chegam,
são pontes suspensas entre mundos,
são chaves que destrancam
o mistério das coisas.
Elas me acolhem como abrigo antigo,
me fazem herdeiro de formas e fragrâncias,
de volumes que dançam na luz,
de paisagens que respiram cultura
e de cores que cantam histórias.
As palavras são sopros de vida,
tecem a tapeçaria do pensamento,
são cometas que cruzam o céu da imaginação,
guiando ideias como navegantes
em mares de sonho e desejo.
Elas registram o invisível,
respondem ao chamado da urgência,
são bússolas em tempestades,
são sinos que ecoam
nas catedrais da emoção.
São o compasso das minhas melodias,
o alfabeto dos meus anseios,
a fonte que jorra gratidão
quando o coração se abre em flor.
Sutis como o toque da brisa,
cadenciadas como passos na dança,
eloquentes como o olhar apaixonado
que não precisa de som.
As palavras são fios de ouro
que costuram os séculos,
uma corrente luminosa
que atravessa o tempo
e transforma o efêmero
em eternidade.