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A amarelinha voltou a fazer parte integral do corpo de todos os brasileiros

Nos últimos anos, tive a sensação de que nossos símbolos nacionais foram sequestrados. A bandeira e as cores verde e amarela, que sempre deveriam ser de todos nós, passaram a ser usadas como se fossem propriedades exclusivas de um grupo político que representa, na verdade, o atraso e a intolerância. Por muito tempo, a extrema-direita se apropriou dessas cores de tal forma que, na última Copa, muitos de nós, que somos progressistas, nos sentimos desconfortáveis em vestir a camisa da seleção brasileira. Era como se, ao usar a amarelinha, estivéssemos, sem querer, reforçando um discurso com o qual jamais concordamos.

Mas, nas últimas semanas, tenho notado algo diferente no ar. Parece que os setores mais progressistas da sociedade começaram uma retomada desses símbolos, uma reconquista do que sempre foi nosso por direito. O curioso é que, enquanto isso acontece, aqueles que em outros tempos gritavam “patriotismo” abriram mão da própria bandeira do Brasil para carregar, sem pudor algum, a bandeira dos Estados Unidos em pleno 7 de setembro. É o símbolo máximo da contradição: quem se dizia patriota hoje mostra sua verdadeira face de subserviência.

Particularmente, confesso que essa retomada me alegra. Ver novamente o verde e o amarelo usados com orgulho pelos setores que representam esperança, diversidade e futuro é revigorante. É como se estivéssemos lavando a nossa bandeira, tirando o pó do autoritarismo e deixando que ela voltasse a brilhar. E já penso adiante: ano que vem tem Copa do Mundo. E, desta vez, a camisa amarela pode sair do armário sem peso, sem vergonha, sem apropriação indevida. Tá liberado torcer pela seleção e vestir nossas cores com alegria.

Afinal, o verde e o amarelo são do Brasil inteiro, e não de um projeto político pequeno, autoritário e que já começa a desbotar.

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