Eu não sei se alguém ainda tem dúvidas, mas, se tiver, é bom esclarecer: a responsabilidade pela tarifa de 50% que o governo Trump impôs aos produtos brasileiros é, indiscutivelmente, de Jair Bolsonaro. Não tem como tergiversar, nem inventar teorias mirabolantes.
Primeiro, porque foi o próprio ex-presidente quem admitiu publicamente que estava sustentando o filho Eduardo nos Estados Unidos. Mas o mais grave vem agora: Eduardo Bolsonaro afirmou em mais de uma ocasião que vinha trabalhando para que os EUA sancionassem o Brasil. Isso não é bastidor, fofoca ou vazamento. É declaração. É fala pública. É orgulho, aparentemente, do serviço prestado contra o próprio país.
E o mais inacreditável: deu certo. Ontem, Trump anunciou o tarifaço. Um baque de 50% sobre produtos brasileiros.
O efeito colateral disso tudo é quase cômico, se não fosse trágico: o atual governo Lula agora tem nas mãos um álibi pronto para qualquer tropeço na indústria ou no agronegócio. Se houver retração, se houver queda nas exportações, se o agro sentir o baque, a culpa já está carimbada. Nome: Jair Bolsonaro.
E, dessa vez, não é apenas uma narrativa. É fato. Lula não vai nem precisar se esforçar muito. Porque Bolsonaro e Eduardo fizeram questão de assinar a autoria com tinta vermelha. Entregaram de bandeja a justificativa perfeita. O que antes poderia ser considerado discurso político, agora é a realidade nua e crua.
A história é cheia de ironias. E essa, talvez, seja uma das mais gritantes: o governo que sempre se dizia patriota, defensor do agro e da indústria, acaba de ajudar a sabotar a economia do próprio país e ainda vai dar de bandeja munição política ao adversário que tanto combateu.
