Sempre gostei da ilusão. Era boa, era leve. A ilusão tem um perfume que engana o tempo, uma doçura que faz a dor parecer um sonho bonito. E por um tempo, eu precisei dela pra respirar.
A verdade, naquela época, seria cruel demais. Então eu fingia não ver, me escondia atrás de esperas, desculpas e promessas que nunca chegaram. A ilusão me embalava como quem protege, mas no fundo só adiava o inevitável.
Até que um dia ela se desfez. E, junto com ela, eu também me desmontei. Doeu. Do tipo de dor que rasga por dentro e não avisa.
Mas quando a verdade entrou mesmo dura, mesmo fria ela trouxe algo que a ilusão nunca conseguiu me dar: liberdade.
A verdade não consola, mas liberta. Não acaricia, mas cura. Ela me fez ver o que eu realmente era, e o que eu jamais deveria aceitar de novo.
Hoje, não quero mais sonhos que me mentem. Prefiro a realidade que dói, a mentira que adormece.
Porque aprendi que a verdade, mesmo despida, é o único chão que não desaba.
