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A doença como narrativa entre o corpo e a palavra

A doença nunca é apenas fisiológica. Arthur Kleinman nos lembra que existe uma diferença entre “disease” e “illness”: a primeira é a patologia biológica; a segunda, a experiência vivida. Ser doente é também viver um mundo alterado, onde tudo se organiza em torno de exames, esperas e diagnósticos.

Na Sociologia da Saúde, Ivan Illich criticava a medicalização da vida e alertava para os perigos de transformar todo desconforto em patologia. Mas também há conforto em nomear a dor. O diagnóstico pode ser um mapa.

Eu já estive diante de exames, com olhos marejados, pensando se aquilo me definiria para sempre. E entendi: a cura, muitas vezes, começa com o reconhecimento. Não sou só minha doença, mas ela também faz parte de quem sou. E isso é humano demais.

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