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A época áurea da Europa quando os alquimistas mais atuavam

Nos anos 1920 até meados dos anos 1930, a Europa continuou vivendo transformações profundas que moldaram o curso da história. Neste período, o continente enfrentou as consequências da Primeira Guerra Mundial, a ascensão de regimes totalitários culminando com outra devastação, agora causada pela Segunda Guerra Mundial. Vamos explorar esse período, entre esses conflitos e alguns de seus personagens sob a ótica da alquimia, uma tradição milenar que busca a transformação e a iluminação através do equilíbrio entre elementos opostos. A alquimia está associada à transformação de metais e à busca pela pedra filosofal, simbolizada pelo transformação do chumbo, e outros metais não nobres, em ouro. Porém, sua finalidade é a transmutação espiritual e social da humanidade.

No contexto europeu do período em questão, podemos ver os acontecimentos como um processo alquímico, onde Nigredo (o caos e a destruição) deu sequência para Albedo (ordem e purificação) e Rubedo (equilíbrio e iluminação). É nesse Athanor europeu, em meio ao caos, que surgem ideologias e regimes como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha prometendo ordem através de controle absoluto, simbolizando uma tentativa de “coagular” a sociedade.

O caos e a desordem, consequências da Primeira Guerra Mundial, mergulha a Europa em uma crise econômica e social, marcada pela instabilidade política e pela insatisfação popular. É a fase de Nigredo acontecendo, representando um estado de decomposição e caos, essenciais para a eventual purificação e renascimento do ouro alquímico. Entre as décadas de 1920 e 1930, a ascensão dos regimes nazifascistas pode ser vista como uma manifestação dessa fase, onde a desordem, o caos e a destruição eram prevalentes. Albedo é o início da busca por uma unidade Europeia. Após o caos inicial, houve esforços para criar alianças e fortalecer laços entre nações, visando evitar novos conflitos. Porém, alquimicamente falando, os movimentos de resistência e solidariedade refletem muito mais a fase de Albedo por serem mais genuínos como a representação dos valores humanos e uma busca por justiça social.

A fase de Rubedo teria seu início após o final da Segunda Guerra Mundial, sinalizado pela derrota dos regimes totalitários de direita e início da reconstrução e cooperação internacionais. Alcança seu ápice com a fundação da ONU e perde força alquímica lentamente, ou seja, não terminando seu processo alquímico por completo.

Se relacionarmos alguns personagens históricos relevantes na década de 1920/30 a elementos, astros e símbolos alquímicos teríamos uma leitura interessante. O chumbo é pesado, maleável, associado à estagnação e à escuridão. Mussolini, com suas políticas autoritárias e nacionalistas, contribuiu para o ambiente opressivo e estagnante da Europa, mantendo a sociedade em um estado de Nigredo. Assim como o chumbo pode ser transformado em ouro através da alquimia, Mussolini tentou transformar a Itália em uma potência através de métodos coercitivos. Porém, a escuridão já havia tomado conta. Como na alquimia, geralmente, começamos com o chumbo não seria estranho afirmar que à sombra e a escuridão lançadas pelo fascismo nasce o nazismo. Tal qual a cronologia histórica do período.

Para a alquimia, o elemento Ferro é associado à rigidez e à força destrutiva. Hitler, com sua ideologia inflexível e militarista, personificou essas características, impondo uma ordem rígida através da força. Em vez de buscar a transmutação para a iluminação, canalizou a transformação para a opressão e a destruição, intensificando a fase de Nigredo. Não é coincidência que, a maior condecoração naquele período era a Cruz de Ferro com a suástica em seu centro. O Mercúrio é o símbolo da Comunicação e Manipulação para a alquimia, é fluido e mutável sendo associado à comunicação e ilusão. Goebbels, Ministro da Propaganda, usou seu domínio sobre a comunicação para manipular a percepção pública e manter o regime nazista.

Representando a dualidade, Goebbels exemplificou como a comunicação pode ser usada para iluminar ou enganar, contribuindo para a confusão e escuridão do Nigredo. Marte é o planeta da guerra e do conflito. Stalin, com sua política dura como aço e repressiva, encarnou o guerreiro inflexível e combativo, tanto internamente quanto na frente externa. Ele usou o conflito e a disciplina para moldar a União Soviética, muitas vezes através de métodos brutais. Saturno é frequentemente associado à disciplina, austeridade e controle. A política da direita europeia personificou essas características, impondo uma ordem rígida e autoritária através da repressão, mantendo um regime de controle e austeridade sobre as minorias.

Mercúrio, símbolo da Adaptação e Comunicação, utilizou a propaganda e a manipulação política criando o axioma da “mentira repetida até se tornar verdade” para estabilizar , manter regimes, controlar narrativas refletindo sua natureza fluída e mutável. Ligado à morte, renascimento e ao submundo temos Plutão. Cujas mensagens o transformam em símbolo da transformação através da destruição. A entrada de Júpiter, posteriormente, promoveu a transmutação da derrota em renovação e esperança. Observando por aqui atualmente, qualquer semelhança vai deixando de ser mera coincidência.
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Marco Mammoli é Mestre Conselheiro e Membro do conselho do Colégio dos Magos e Sacerdotisas. Contato direto com o Colégio dos Magos e Sacerdotisas através da Bio, Direct e o Whatsapp: 81 997302139.

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