Bolsonaro não apenas negligenciou a ciência durante a pandemia: ele transformou o negacionismo em política, a farsa em bandeira e a irresponsabilidade em estratégia de poder. Com a mentira da cloroquina, cerca de 17 mil vidas foram perdidas, vidas que poderiam ter sido salvas se a medicina, a ciência e a lógica tivessem sido respeitadas. Ele transformou um remédio ineficaz em símbolo político, exibiu caixas como se fossem troféus, pressionou médicos e autoridades de saúde a prescreverem o que eles chamavam de “kit covid”, ignorou alertas da OMS e da comunidade científica e espalhou a falácia do “tratamento precoce”. Enquanto isso, zombava do uso de máscaras, debochava das medidas de prevenção e fazia da desumanidade a sua principal política pública.
Essas mortes não foram acidentes, nem erros de cálculo: foram o resultado de escolhas deliberadas, de um projeto de poder que colocou a propaganda acima da vida humana. Pessoas confiaram em quem deveria zelar pela saúde pública e, em vez disso, se tornaram vítimas de um discurso criminoso, que trocou a responsabilidade por discursos criminosos. Bolsonaro não foi vítima da desinformação: ele a personificou, tornando-se o maior propagador dela, um político que, diante da ciência, escolheu a cegueira ideológica como ferramenta de governo.
O impacto dessas decisões é incalculável. Famílias destruídas, vidas interrompidas e histórias que nunca mais se completarão. E ainda assim, ele celebrou a cloroquina em rede nacional, desafiando dados, estudos e especialistas, como se propaganda valesse mais do que a vida de brasileiros e brasileiras. Cada caixa exibida como “tratamento precoce” e cada palavra negacionista foi um passo consciente rumo à tragédia, previsível desde o início.
Foram 17 mil vidas perdidas pela cloroquina e isso sem contar as milhares de outras mortes causadas pelos atos monstruosos dele, ao atrasar a compra das vacinas, minimizar a gravidade do vírus e transformar prevenção em piada. A responsabilidade não é abstrata, é direta, inequívoca e histórica, ele é o autor desse desastre.
No fim, não se trata apenas de números: trata-se de vidas interrompidas e famílias inteiras despedaçadas. Trata-se de um país que sofreu por escolhas conscientes de um governo que preferiu a mentira em vez da proteção. Bolsonaro não pode, e não deve, ficar impune. Cada vida perdida é um lembrete cruel do preço do negacionismo, e a história exigirá que responsabilidade e justiça sejam feitas.
