E agora, Jair?
A festa acabou
A luz apagou
O povo sumiu
A noite esfriou
E agora, Jair?
E agora, você?
Você que é sem nome
Que zomba dos outros
Você que é perverso
Que odeia, contesta?
E agora, Jair?
“Está sem mulher
Está sem discurso
Está sem carinho”
Já não pode querer
Já não pode zombar
Debochar já não pode
“A noite esfriou
O dia não veio
O riso não veio
E tudo acabou
E tudo fugiu
E tudo mofou
E agora”, Jair?
E agora, Jair?
Sua acre “palavra
Seu instante de febre
Sua gula e jejum”
Seu arsenal
Sua caixa com ouro
“Seu terno de vidro
Sua incoerência
Seu ódio, e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a” comporta
Não existe comporta
Quer morrer no mar
Mas em Brasília não tem
Quer ir para o Rio
Rio não dá mais
Jair, e agora?
Se você gritasse
Se você gemesse
Se você tocasse
A sanfona sertaneja
Se você dormisse
Se você quebrasse
Mas você não quebra
Você é vaso ruim, Jair!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato
Sem teologia
Sem adolescente quase nua
“Para se encostar
Sem cavalo preto
Que fuja a galope
Você marcha”, Jair!
Jair, para onde?
