Notibras

A morte de Preta Gil e a finitude como espanto

A morte de Preta Gil, aos 50 anos, reverberou como um trovão abafado no coração do Brasil. Não apenas por sua trajetória artística e política, mas pela forma como nos lembramos subitamente de que somos feitos de tempo, e não de eternidade.

Ernest Becker, em sua obra “A Negação da Morte”, aponta que grande parte das nossas ações culturais serve para adiar, simbolicamente, o reconhecimento da finitude. Preta nos lembra, com sua partida precoce, que o adiamento é ilusão.

A Antropologia da Morte, com autores como Philippe Ariès, nos ensina que cada sociedade tem uma forma de lidar com seus mortos. A nossa, pós-moderna, tenta higienizar, esconder, silenciar a morte. Mas quando morre alguém tão viva, tão presente na mídia e nos afetos populares, o luto se impõe como revolta e saudade.

Eu, que vi Preta muitas vezes sendo mais vida do que muitos vivos, me pego pensando na fragilidade do agora. E a vida, ah!, a vida, ela escapa entre os dedos como som de música em palco vazio.

Sair da versão mobile