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A primeira vez, realmente, a gente nunca esquece

Sou o tipo de pessoa extremamente pontual e responsável, é algo que eu me cobro muito e confesso nem sempre é bom, muitas vezes isso me leva a um desgaste emocional.

Fui aquela criança que parece nascer adulta.

Mas, nada é 100% e tenho meu lado louco, o que as vezes se torna um pouquinho irresponsável.

Alguém me liga e diz:

– Vamos saltar de parapente?

– Agora.

– Já saltou.?

– Não, mas vamos lá.

Esse é um exemplo e foi exatamente assim, saltei de parapente escondida do meu marido, atualmente ex marido.

E foi em uma dessas loucuras que eu subi pela primeira vez em cavalo, o diálogo exatamente como o acima, parapente, troquemos pelo cavalo.

Casada há pouco mais de dois meses, morando no interior de uma cidade do estado do Rio de Janeiro, aceitei sem pensar, o convite do meu marido para ir até a casa do tio a cavalo.

Meu marido equipou a égua a qual ele montaria por ser nova e mais difícil de controlar e para mim o cavalo já treinado.
Subi, ele me explicou sobre o cabresto, como utilizá-lo para comandar o animal e que também seria o freio.

Tudo certo e saímos para meu primeiro passeio a cavalo, detalhe, eu não disse que era a primeira vez.

O passeio delicioso, quem já andou a cavalo sabe como é gostoso, até que em uma descida para uma cachoeira meu marido decide galopar e o cavalo em que eu estava, acostumado a seguir a égua também galopa na mesma velocidade.

Eu perdi o controle, o cavalo corria e eu me balançava de um lado a outro, virei meu corpo todo para um lado e não caí porque o pé ficou preso no estribo.

Gritei.

Meu marido olhou para trás e gritou:

– Puxa o freio!

Eu me sacudia de um lado a outro e nessa altura eu que tinha caído para a direita e ficado com o pé preso, retornei a toda velocidade para a esquerda, mas o pé soltou.

Meu marido parou em um canto e por sorte o cavalo que seguia o galope da égua parou no exato instante que meus pés se soltaram e eu caí pendurada no cabresto.

Bati com meu cóccix em uma pedra.

Meu marido preocupado, desceu da égua e veio me levantar.

Todo mundo sabe a dor de bater o cóccix, não consegui levantar e ele tentou me pegar.

Quando eu estava há uns quarenta centímetros do chão, revi toda a cena.

Me dei conta de que parecia que eu estava em um liquidificador e tive um ataque de riso, fazendo meu marido rir, não aguentando me segurar me soltando novamente ao chão.

Depois de tentar resistir a dor e rir ao mesmo tempo, me levantei.

Ele me olhou preocupado e disse:

– Quer voltar para casa, puxando o cavalo?

– De jeito nenhum, eu vou subir de novo.

Ele me encarou por um tempo, explicou novamente sobre o estribo e foi então que questionou por que eu caí.

Me mandou subir no cavalo e percebeu que além do fato de que eu não sabia nada de cavalos, o estribo estava fora da minha altura.

Enquanto diminuía o comprimento me questionou irritado:

– Não viu que estava grande?

– Eu não sabia como tinha que ficar, nunca andei a cavalo.

– Você nasceu na roça, como nunca andou a cavalo?

– Não andei, uai!

– Lá não tinha cavalos?

– Claro que tinha, mas saí de lá criança e nunca andei.

– Por que não disse?

– Teria me trazido?

– Não.

– Então.

Conversa encerada e eu cheguei ao meu destino, aprendi a galopar, comandar, conduzir e frear o animal e a amar um passeio de cavalo, tudo isso depois de um belo tombo.

Não aconselho, mas dizia minha avó:

“Cair ajuda acrescer.”

Enquanto conto a vocês, sinto saudades de dar um passeio a cavalo.

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@escritorascachoeirenses@gmail.com – @escritoramercia

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