Desde a Antiguidade, as tradições espirituais e filosóficas reconheceram a existência de quatro elementos fundamentais que estruturam a Natureza e o Cosmos: Terra, Água, Ar e Fogo. Os Quatro Elementos configuram a base simbólica da filosofia hermética, da alquimia e da Magia. Entre eles, a Terra ocupa posição singular estrutural, ao representar o fundamento da Manifestação, o alicerce da vida e o corpo que sustenta os demais elementos. Desde as tradições ancestrais até a Wicca contemporânea, a Terra é invocada como força de estabilidade, fertilidade, proteção e concretização.
Essa classificação foi absorvida pela alquimia, pela astrologia e por diversas correntes esotéricas e religiosas. Cada elemento corresponde não apenas a uma substância física, mas a um princípio vital e espiritual que atua no microcosmo humano e no macrocosmo universal.
No plano esotérico, o elemento Terra simboliza a base sobre a qual o espírito se manifesta, o corpo físico e a concretização das ideias. Em tradições alquímicas, corresponde ao sal (sal philosophorum), o princípio fixo, que dá estrutura e permanência. Astrologicamente, rege os signos de Touro, Virgem e Capricórnio, relacionados ao trabalho, à disciplina, à fertilidade e ao sentido prático da existência.
No campo mágico e ritualístico, a Terra é evocada através de cristais, pedras, sal, areia e sementes. Seu simbolismo remete ao Pentáculo, um dos instrumentos do altar mágico, representando a base sólida onde a energia se ancora. O uso em rituais tem a função de ancorar energias, proporcionar proteção e manifestar intenções no plano físico. Em altares Wicca, o elemento Terra é representado geralmente por vasos de barro, plantas, ervas, pentagramas gravados ou punhados de solo e sal. Esotericamente, venerar a Terra é reconhecer a sacralidade do corpo, do lar e da própria natureza como extensão do divino.
Segundo a tradição esotérica, cada elemento possui seres sutis que guardam seus mistérios, chamados “elementais”. Os Elementais da Terra são os gnomos, pequenos espíritos ligados às pedras, cavernas, florestas e raízes. Representam a sabedoria oculta da Natureza, os segredos minerais e a riqueza guardada no subsolo. Em rituais, invocar os gnomos significa pedir auxílio para proteção, prosperidade e fortalecimento da vontade.
Os gnomos correspondem aos duendes e kobolds nas tradições europeias, e em yakshas na Índia, todos como espíritos ligados ao domínio terrestre. Essas entidades simbolizam a força vital que impregna cada rocha, cada árvore e cada grão de areia. Ou seja, são os espíritos das coisas “inanimadas”, assim designadas pelos homens, os homo-sapiens, considerados “racionais”, por eles mesmos.
A seguir alguns rituais para evocação do Elemento Terra:
No Ritual de Proteção com Sal e Pedras, desenhe um círculo mágico no chão e disponha quatro pedras (quartzo, turmalina, jaspe e ágata) nos pontos cardeais. Ao centro, coloque um prato com sal grosso. Acenda uma vela verde e invoque a Mãe Terra, pedindo proteção. Este ritual cria um campo de estabilidade contra influências negativas.
No altar, coloque o pentáculo de madeira ou metal sobre solo fresco ou terra de jardim. Aspire profundamente, visualizando raízes saindo de seus pés em direção ao centro da Terra. Esse ato ancora as energias e reforça a ligação do mago com o mundo material.
No Ritual de Fertilidade e Prosperidade, enterre moedas douradas junto a sementes de plantas (manjericão, trigo, alecrim). Ao regar, entoe palavras de gratidão, pedindo abundância e estabilidade. Este ritual simboliza a germinação da prosperidade na vida do praticante.
Em uma floresta ou jardim, ofereça pão, leite ou mel ao pé de uma árvore, pedindo sabedoria e auxílio dos gnomos. O respeito e a gratidão são chaves para abrir canais com os Elementais da Terra. Para meditação de enraizamento, sente-se sobre o solo, feche os olhos e visualize raízes descendo de seu corpo até o núcleo da Terra. Inspire imaginando a energia verde subindo até o coração. Esse exercício fortalece a estabilidade emocional e espiritual.
Assim é!
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Giovanni Seabra
Grão Mestre do Colégio dos Magos e Sacerdotisas
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A Parte III será publicada na segunda-feira, 22