Ser quem se é nunca foi tarefa simples. Talvez porque, como nos lembra a Antropologia, a identidade não é uma peça pronta, mas um tecido em movimento, feito de encontros, rupturas e reinvenções. Carregamos as marcas da cultura, das expectativas sociais, dos olhares que nos atravessam. Mas, no fundo, há sempre um sopro íntimo, uma voz que insiste: “seja você”.
A beleza disso está na coragem. Porque ser você é desafiar moldes, é não se deixar reduzir ao que esperam. É aceitar que o caminho é cheio de silêncios e dúvidas, mas também de descobertas. Marcel Mauss falaria em “técnicas de si” pequenos gestos cotidianos que moldam o corpo, o espírito, a forma de habitar o mundo. Cada um, ao seu modo, é artesão de si mesmo.
E talvez a grande poesia esteja aí: na dificuldade que nos lapida, na resistência que nos forja, no simples ato de permanecer em pé, mesmo quando a vida sopra ventos contrários. Ser quem se é não é um destino, mas uma travessia.
E nessa travessia, ser você é um gesto de beleza e de liberdade. Porque só quem ousa existir plenamente sabe o peso e a leveza de, enfim, se reconhecer no próprio espelho.
