Muitas são as palavras de amor, e as lágrimas, fiéis companheiras da saudade.
Quando a noite chega, as roseiras do jardim cantam baixinho, enquanto a brisa soluça os suspiros dos amantes.
Madressilvas espalham seu perfume ao vento, e um beijo sussurra em meu ouvido, afagando minha alma.
Um gozo místico sufoca meu coração, que morre de volúpia sem saber por quê.
Minha mente arde como lava escorrendo sobre as campinas, queimando as relvas da razão.
Então, a lua, esplêndida, transpassa o vidro da janela—nunca a vi tão bela.
Lágrimas banham meus lábios, misturando-se ao pranto do coração.
Minha voz, trêmula, murmura com doce melancolia: mais de uma lágrima há de molhar meus olhos nesta madrugada.
O dia desperta e me saúda com um beijo na face.
O jardim dissolve a cascata de pérolas da noite, que escorre dos lírios em pranto luminoso.
O vento canta nos varais, e eu, em êxtase, molho meu rosto com o orvalho da noite, bebo da pureza do luar, e deixo que a brisa me envolva em mil beijos, molhando minha face com lágrimas colhidas no lírio cheio.
A vida segue, e eu, privilegiada, recebo mais um milagre.
