Estamos assistindo a mais um capítulo (talvez o mais folhetinesco até agora) da novela da indicação de Jorge Messias para o STF. Hoje, Davi Alcolumbre simplesmente refugou, voltou atrás e desmarcou a sabatina que ele próprio havia marcado para o dia 10 de dezembro. A justificativa? A indicação ainda não foi formalizada pelo Planalto. Ou seja, ele tentou colocar o carro na frente dos bois e depois fingiu surpresa ao perceber que o carro não andava.
No fundo, Alcolumbre parece ter entendido que a estratégia que usou com André Mendonça virou um tiro que saiu pela culatra. Na época, esticou a corda, criou constrangimento, quis mostrar força e acabou gastando capital político sem ganhar nada. Agora, ele tenta fazer o movimento contrário: acelerar a tramitação para que Messias não tenha tempo sequer de respirar, quanto mais de conversar, negociar, articular com os senadores.
Todo mundo viu que o presidente do Senado tentou correr contra o relógio antes mesmo de o jogo começar. Marca sabatina sem indicação oficial, desmarca quando percebe o óbvio, e tenta controlar os tempos como se fosse dono da pauta, do Senado e do calendário político inteiro.
Mas, para além do espetáculo, o que vejo é um Alcolumbre que ainda não sabe exatamente como se posicionar. Quer evitar repetir a fadiga de Mendonça, mas também quer deixar claro ao governo que quem manda no ritmo é ele. No entanto, ao voltar atrás como hoje, ficou explícito que a estratégia não está tão sólida assim.
Sigo aqui acompanhando essa novela que entrega drama, idas e vindas, vaidade, estratégia errada e, claro, capítulos inesperados. E parece que ainda vem muito mais por aí.
