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Amando Duda, RC encontra verdadeiro nó para desatar na casa das freiras

Após os amigos se afastarem, ainda inconformados, RC caminhou até a sala da administração do estabelecimento onde estavam as irmãs Eulália e Vilma.

-Boa noite, dona Eulália, dona Vilma! Será que as senhoras tem um tempinho para conversarmos?

-Claro, meu rapaz, sente-se, por favor! Aceita um suco de laranja?

-Aceito sim, obrigado dona Eulália! Desde que cheguei na cidade, parece que sempre estou sedento e com a boca seca.

-Ah, logo você acostuma com o nosso calorzinho, disse Vilma.

-Então, do que se trata, meu jovem? perguntou Eulália. Limpando a garganta, RC começou a sua peroração:

-Bem, eu fiquei sabendo que as senhoras são benfeitoras de meninas órfãs, abandonadas pelos pais ou mesmo com pais sem condições para criá-las…e que mantém uma casa de acolhimento para elas no anexo ao lado, uma nobre e admirável ação benemerente… estou certo?

-Sim, de fato você está bem informado, jovem! E então, o que mais você tem a nos dizer sobre isso? questionou Eulália, delicadamente

Um tanto constrangido, RC tentou ser educado, mas também o mais objetivo possível:

-Não me levem a mal, mas por acaso, eu conheci uma das jovens que as senhoras acolheram e gostaria de, respeitosamente, conhecê-la melhor, com a permissão das senhoras, é claro!

-Conheceu uma das nossas afilhadas? E qual delas? perguntou Vilma, sorrindo.

-O nome dela é Maria Eduarda. Eu confesso, com todo o respeito, que eu fiquei apaixonado e quero me casar com ela, caso evidentemente, ela também me aceitar.

-Ah, a Eduarda, linda moça… na verdade, a mais bonita e inteligente que temos por aqui atualmente, sorriu também, Eulália.

-Ela é mesmo uma joia rara, completou o elogio, Vilma.

-Bem, Roberto Carlos, acho que você sabe que existem alguns requisitos para que os rapazes tenham permissão para conhecerem melhor as nossas afilhadas, não é mesmo?.

-Sim, creio que sei, dona Vilma, confirmou RC.

-Você parece ser o tipo de rapaz que sempre é bem-vindo à nossa casa de acolhimento: educado, culto, bem apessoado, tem emprego estável em uma instituição respeitável, boa condição financeira, não tem antecedentes criminais, elogiou Eulália.

-Puxa, vocês já sabem tudo isso sobre mim? espantou-se ele.

-Elementar, meu caro rapaz! Mas tem um ponto que precisamos esclarecer, falou Vilma, um tanto contrariada:

-Você declarou na sua ficha que é separado, mas nós apuramos que, ao menos oficialmente, você ainda é casado.

-Eu explico, falou RC, não disfarçando a aflição:

-Ocorre que eu me separei da minha ex-esposa há dois meses, estamos morando separados e tudo mais, mas ela pediu que esperássemos pelo menos cinco meses para oficializarmos a situação, só para termos absoluta certeza de que é isso mesmo que os dois querem, entendem? As senhoras podem confirmar isso com meus colegas, se quiserem.

-Hum…entendemos sim e confiamos que você diz a verdade, meu rapaz! Essa situação não fecha as nossas portas para você, mas a verdade é que ela lhe impõe algumas restrições e limitações, ponderou, Eulália.

-Restrições e limitações?! exclamou, RC, preocupado.

-Você precisa saber uma coisa sobre a Eduarda, obtemperou, Vilma. Ela vai fazer dezoito anos somente daqui a quatro meses. Até lá, ela só pode sair daqui se casar formalmente, coisa que não poderá fazer com você até que você resolva a sua situação com a ex.

-Então, complementou Eulália, você pode frequentar a nossa casa segundo as regras estabelecidas, cortejá-la formalmente, caso ela concorde, mas só poderá levá-la daqui depois que ela se tornar maior de idade ou quando você for oficialmente um homem livre para se casar novamente…o que ocorrer primeiro, entendido?

Um tanto desapontado, RC falou:

-Sim, claro, eu entendo perfeitamente a posição das senhoras…e prometo que vou tentar resolver o meu impedimento nos próximos dias.

-Ótimo! Assim é que se fala, rapaz! finalizou, Vilma.

Terminada a seção de prosa, RC recolheu-se para o quarto coletivo, pensativo. Tinha que desatar aquele nó de qualquer jeito.

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A parte IV deste folhetim será publicada na quinta-feira, 1º de maio

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