Eu tenho amigos que são mais que amigos. São trincheiras. Quando a vida aperta, quando parece que não vou dar conta, são eles que me lembram que não estou sozinha. Não são pessoas que oferecem soluções mágicas. E, na verdade, nem precisam. Basta a presença, o olhar que entende, a piada no momento certo, a mensagem inesperada perguntando: “E aí, como você está de verdade?”.
Já vivi fases em que parecia que tudo ao meu redor estava ruindo: doença, medo, incertezas, mudanças dolorosas. E, em todas elas, tive ao meu lado alguém que segurou firme a minha mão, mesmo à distância. Amizades assim são formas de resistência: resistência contra o desânimo, contra a desesperança, contra o peso de carregar o mundo sozinho.
É curioso pensar que nem sempre são os amigos mais próximos geograficamente que oferecem esse amparo. Às vezes, basta um telefonema, uma lembrança, um gesto pequeno que me reacende a coragem. São eles que me recordam que viver vale a pena, mesmo nos dias em que o cinza parece cobrir tudo.
Esses amigos não me deixam esquecer que a amizade é, também, um ato político: um modo de dizer ao mundo que ainda acreditamos no cuidado, na empatia e na solidariedade.
