Os antropólogos sabem que o extraordinário muitas vezes se esconde no banal. Clifford Geertz (1973) falava da “descrição densa” como modo de revelar as tramas complexas do cotidiano.
É no café coado, na rede armada no quintal, no cheiro da chuva na terra que encontramos o que nos mantém de pé.
A sociologia da vida cotidiana, como propôs Michel de Certeau (1990), mostra que os pequenos gestos são formas silenciosas de resistência. Comer junto, dividir uma história, plantar algo tudo isso desafia a lógica produtivista que nos quer apenas máquinas.
A simplicidade não é pobreza de sentido, mas, ao contrário, é o lugar onde a vida se refaz. As coisas simples são como rituais invisíveis: sustentam a alma quando o mundo parece desabar.
