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AS PESSOAS SÃO MESMO DIFERENTES UMAS DAS OUTRAS

Sou uma pessoa mais calada, mas não me passa uma ação, um comentário, um olhar, um gesto. Sou extremamente observadora. Mas não sou fofoqueira.

Observar é uma coisa, fofocar é outra. Servia bem pra ser detetive, pois um simples olhar me diz coisas, e sou expert em saber se a pessoa está ou não dizendo a verdade. Não porque eu queira, mas, desde muito pequenina, me lembro observando as pessoas.

Lugar de escutar as coisas é um supermercado. As pessoas ficam muito próximas, entre as gôndolas, e as pessoas que não são surdas, escutam, mesmo sem querer.

Esses dias, observei dois casais, um mais jovem, e outro, o marido já grisalho. A mulher jovem pegava um item, o marido dizia:

— Amor, pegue aquela outra marca. A marca tal.

— Mas é muito mais cara, amor. No final é a mesma coisa.

— Não vai adiantar economizar dois reais, a marca tal é bem melhor.

— Está bem, você quer…

Depois, em outro lugar, a mulher do casal mais velho ia pegando as coisas, colocando no carrinho, e o marido atrás, resmungando:

— Fulana (já chama pelo nome, nada de vocábulos carinhosos), pra que isso?

— É porque eu preciso, Fulano.

— Precisa nada, lá em casa ainda tem. Eu vi na hora que saímos.

— Mas eu que sei quanto gasta em um mês.

—Pode deixar que, se faltar, antes de terminar o mês, eu venho e compro.

— Até parece, com essa sua preguiça.

— Por um acaso eu já deixei falar alguma coisa em casa? Mulher ingrata!

— Não deixa porque eu fico economizando ao máximo. Eu queria ver se você estivesse casado com uma mulher bem gastadeira.

— Simplesmente, não viveria com ela. Pode ir enchendo o carrinho, na hora de passar no caixa, eu que passo, vou tirando o que não precisa.

Eu só ouvindo e rindo por dentro. Passei de novo pelo casal jovem, só coisas caras, e muita coisa que certamente era supérflua para o casal mais velho. Para o casal, não, para o homem mais velho.

Terminei minhas compras e fui pro caixa.

Ah! Um detalhe, uma das coisas que eu menos gosto é de fazer compras. Toda vida, meu esposo quem fazia, porém, agora, ele deixou esta função totalmente pra mim.

Parei meu carrinho atrás de um que já estava passando, o tal Caixa Preferencial. E olha quem estava na minha frente e resmungando: o tal homem, do casal mais velho.

Ele ia escolhendo as coisas e deixando o resto no carrinho. Um exemplo, a mulher pegou 6 frascos de detergente, da marca mais barata. Ele passou só 3 e resmungou:

— Pra que pegou 6? Lá em casa ainda tem e você está levando este pacote de sabão em barra — resmungando, pegou o pacote de sabão em barra e meio que jogou em cima da esteira.

— Fulana, eu não sei por que você não faz sabão caseiro, é tão fácil! Iria evitar de comprar. Tem gente que faz sabão líquido, em barra, sai muito mais barato.

Coitada da mulher, nem falou nada. Estava com uma cara de desânimo… Ele deixou a metade das coisas que a mulher tinha posto no carrinho.

Enquanto isso, o casal jovem ainda estava terminando, andando feliz pelo estabelecimento. “Amor pra cá, amor pra lá”.

Fiquei a pensar, como as pessoas são tão diferentes umas das outras.

É a vida…

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