Diz a tradição que, muito antes dos homens escreverem em pergaminhos ou traçarem mapas do destino, os nórdicos depositavam sua fé nas runas sagradas dos oráculos. Feitas de madeira de freixo — a árvore que sustentava Yggdrasil, o eixo do mundo —, essas runas guardavam pequenos fragmentos de poder: ossos gravados, pedras polidas pelo mar gelado e pedaços de ferro extraídos da forja dos guerreiros.
O oráculo não era apenas um presságio. Era o sopro dos deuses, que, ao serem invocados, ressoavam no silêncio do fiorde. Quando o consulente lançava a mão às runas, não era ele quem escolhia, mas as Nornas, as fiandeiras do destino. Cada símbolo retirado era um fio do tear invisível do universo, um aviso ou uma promessa.
Os videntes vikings, cobertos com peles e com o olhar perdido além do horizonte, interpretavam os sinais entre o trovão de Thor e o sussurro de Odin. Para uns, o oráculo revelava vitórias em batalhas. Para outros, apontava o exílio, a travessia pelos mares revoltos ou o reencontro no Valhala.
Dizia-se que aquele que ousasse manipular as runas sem reverência veria sua vida despedaçada como gelo no degelo da primavera. Pois os deuses não toleravam orgulho, apenas a entrega ao mistério.
Assim, as runas dos oráculos vikings não eram meros recipientes de sorte, mas portais entre mundos — um elo entre homens e deuses, entre o que foi escrito e o que ainda estava por vir. Até hoje, quem fecha os olhos diante de uma runa sente o eco antigo: o destino não se cria, apenas se revela.
