Existem vozes que se perdem no ruído do mundo. Algumas são gritantes, outras sussurram quase inaudíveis. Mas todas falam de necessidades humanas, medos e sonhos que nos pertencem enquanto coletivo. A rua está cheia dessas vozes: o vendedor ambulante que tenta sustentar filhos que nem conhecemos, a jovem que corre para uma escola que mal prepara para a vida, o idoso que espera reconhecimento em cada esquina.
O problema não é a ausência de vozes, mas a ausência de atenção. E nós, enquanto sociedade, frequentemente nos esquecemos de ouvir. Cada vez que passamos direto, sem olhar, sem perguntar, sem compreender, reforçamos a invisibilidade do outro. Não é questão de culpa individual, mas de construção coletiva: somos responsáveis por uma realidade onde muitas vidas ficam à margem.
E é nesse silêncio que a reflexão se impõe: como estamos permitindo que vozes se percam? Será que nossas escolhas cotidianas o olhar que desviamos, a palavra que omitimos, a oportunidade que não oferecemos estão moldando o mundo que queremos para todos ou apenas para nós mesmos?
