Michel Foucault, filósofo e autor de A história da sexualidade e O uso dos prazeres, na fase ética de sua produção, se concentrou na análise da constituição do sujeito, da sexualidade e do prazer. Para a filosofia anterior a Foucault, importava o “conhecimento de si”. O tema do “cuidado de si” era mal visto, já que quem cuida de si é tido como egoísta, individualista, narcisista. O pensamento de Foucault reconhece caber ao sujeito, o processo de constituir seu estilo diferenciado de vida, promovendo resistência aos mecanismos de poder e dominação que têm como objetivo normalizar e padronizar os modos de vida dos sujeitos.
Inquieta com as legislações votadas recentemente no âmbito federal e que retiram o direito de meninas violentadas decidirem sobre seu próprio corpo, lembrei do propósito de fazer de minha escrita uma tarefa cidadã.
Resolvi navegar nas páginas do Notibras e reler focos de resistência. A coluna da Dona Irene apresentou-se como um verdadeiro ato de amor aos direitos humanos e obviamente destacam os das mulheres. A exemplo da publicação: “Patrulhar Janja de cima a baixo é coisa de machismo escancarado, em 27/04/2025.
Destaco também o artigo de Acssa Maria, publicado em 24/10/2025, “ Mulheres nordestinas combatem machismo que leva ao feminicídio”.
Mas a sensação de impotência ainda era grande, ao notar que no Café Literário há mais assinaturas masculinas nos textos publicados do que femininas.
Cumpre-me, aqui, destacar algumas assinaturas femininas de textos publicado no Café Literário Notibras: Luzia Couto, Marlene Xavier Nobre, Rosilene Souza, Taís Palhares, Thalita Delgado.
Luzia Couto, em seus escritos, traz os temas “amor em sua totalidade, dor, tristeza, solidão, saudade, almas, amor além da vida”.
Marlene Xavier escreveu sobre o corpo tocando no que é universal: a experiência comum, a identidade, a vulnerabilidade, a cultura e sociedade, as emoções e os sentimentos. Destaca a complexidade e a dualidade do corpo: um santuário sagrado, mas também dor, sofrimento e rejeição experimentada.
Thalita Delgado adverte que a capacidade e credibilidade da mulher não deveriam ser medidas pela quantidade de glitter que usam na cara, pelo tamanho do short jeans, pela roupa amassada com que sai de casa, ou se chega às 2h ou às 6h da manhã. A escritora aconselha à mulher: moldar a credibilidade entregando o que tem de entregar da melhor forma possível.
Em entrevista para Cecília Bauman, Rosilene Souza declarou sobre sua inspiração: “Vem das leituras de ontem e de hoje, das músicas que ouço, das exposições que visito, das peças teatrais que assisto, dos concertos musicais que aprecio, das danças/performances que aplaudo, do cinema que contemplo, da arte que produzo, da minha experiência de vida. e por fim, da forma como experiencio, interajo, percebo, olho, vejo e relaciono com o mundo. Considerou “que não tem como separar a sua história de vida da sua escrita. Ambas estão interligadas.”
Tais Palhares escreveu sobre lembranças dos tempos de escola, lembrando a professora de Português que organizou uma entrevista com o dramaturgo Plinio Marcos, em tempos de ditadura.
E peço aos leitores do Café Literário que leiam atentamente os textos:
.https://www.notibras.com/site/desejos/
.https://www.notibras.com/site/mesmo-que-os-olhos-nao-se-encontrem/
.https://www.notibras.com/site/tudo-nele-esta-encrustado-totalmente-despudorado/
.https://www.notibras.com/site/edna-domenica-analisa-o-poema-de-marlene-xavier-nobre/
.https://www.notibras.com/site/com-glitter-sem-filtro-e-com-a-credibilidade-que-buscamos-por-ai/
.https://www.notibras.com/site/pessoas-vem-e-vao-e-nao-fazem-a-minima-ideia-do-meu-sofrimento-visual/
.https://www.notibras.com/site/devaneios-de-um-instante-vividos-na-companhia-de-paul/
.https://www.notibras.com/site/ensaio-para-plinio-marcos/
E se o leitor ou a leitora chegou até aqui, peço acrescentar a releitura de alguns de meus textos:
.https://www.notibras.com/site/instantes/
.https://www.notibras.com/site/minha-deixa/
.https://www.notibras.com/site/aquem/
………………………..
Edna Domenica é autora de “O Setênio”, TãoLivros, Palhoça, SC, 2024, em que uma narradora septuagenária apresenta o período de janeiro de 2016 a janeiro de 2023, à luz do contexto sociopolítico no qual sobressaem as sequelas deixadas pela extrema direita brasileira. Aquilata a fragilidade histórica da democracia sob o viés dos critérios dos eleitores na escolha de governantes.
