Acabo de concluir mais um volume de poesias que podem ser mais um livro: “Um pouco além de quase nada”. Em 2025, publiquei o “Cem, Sem, Zen: Sonetos”(Mondru). Tenho ainda inédito o “Quase nada”, prontinho. E já estou com oitenta dos cem sonetos planejados, de “Mais Cem Zen Sonetos”, prontos. Pois é, tomei gosto. Como escrevi uns poemas novos, não posso evitar, abri um novo volume que vou chamar de “Mais”. E já estou em tratativas quase finalizadas para a publicação do romance “Há de restar uma canção”.
Devo dizer, porém, que não pude trabalhar como queria em “365-D: a corda esticada entre o vazio e a coisa amada” (poemas, Clube de Autores) e O Canal (romance, Caravana), ambos de 2023. Sem pensar no romance TRINDADE, que sequer teve mais do que uma daquelas “publicações” virtuais na Amazon.
No passado, em 2024, organizei o livro “Ninguém escreve por mim: textos da oficina A Palavra Escrita: História e Prática (TãoLivro) e participei /incentivei da/a publicação de dois livros de autoras que gostaria muito de poder ajudar a trabalhar: o livro “Luz” (de Luz Marina Cavalcanti, Clube de Autores) e “As Pinturas do Lambaia” (de Tatiane da Silva Lima). Além de querer trabalhar na difusão do excelente e divertido livro do Estaine Alencar, Largo do Matadouro & outras histórias.
Tenho ainda inéditos meus livros para crianças (inicialmente para crianças, ou escritos para e pela criança em mim, porque eu não faço clivagem de público e não sou censor ou pedagogo quando escrevo): “Fábula da Criação do Homem”, “Livrinho de Nada”, “O Planeta das Amoras”, “Cantiga da Outra Beira”. Penso também que a originalmente letra de música para a canção de Nelson Paz e Naldo Miranda, Lenda dos Botos da Baía de Guanabara, renderia um bom livro para crianças. Fora o desejo difuso de publicar pelo menos dois de meus textos de teatro para crianças: Zezeu e o Minitouro e Precisa-se de Palhaços. Nesse mundinho em que tudo é compartimento pelo marketing, não sei o que fazer com os textos de minhas crianças. Eu adoro escrever e estudar a literatura dita “infantil” e “infanto-juvenil”. Mas, o fato de não abrir mão de escrever outras coisas, atrapalha a “carreira”. É como se eu fosse obrigado a ser um “especialista”. E se há algo que me recuso a fazer, apesar da pressão capitalista, é virar e posar de especialista.
Fora isso, tenho um longo projeto, derivado de pesquisa, de um livro de metaficção historiográfica sobre o jovem Marx e o ultrarromantismo alemão: “Os versos satânicos do Jovem Marx.” O livro estava pronto. Mas, percebi que precisava reestruturar. É um tema espinhoso e tenho receio que ele possa ser capturado por teorias conspiratórias de viés ultradireitistas. Embora derivado de pesquisa séria, o livro é uma espécie de “ópera-rock” sobre o jovem Marx, ainda autor de poemas e peças de teatro ultrarromânticas e não o filósofo e militante dedicado a desnudar as entranhas do modo de produção capitalista. O livro é uma brincadeira com a canonização de certas figuras históricas e uma homenagem à ficção e à arte. Depois que finalizei a primeira versão, compreendi o título de A Divina Comédia, inicialmente, somente A Comédia, de Dante Alighieri. Embora meu texto não tenha exatamente um final feliz, compreendi que seu caráter “cômico” não se devia ao fato de ser necessário engraçadinho ou abria mão de séria elaboração literária.
Mas, será que eu consigo ter tempo e dinheiro para deixá-lo publicável? Caso eu não tenha tempo, não gostaria que fosse publicado postumamente assim como está. Autorizo a quem quiser retornar a meu texto que o adapte para torná-lo o mais imune possível às paranoias anticomunistas da extrema-direita e a hagiografias de um marxismo vulgar.
Tenho também por finalizar um trabalho didático sobre a “palavra escrita” em sua dimensão antropológica. Dentre outras coisas. Bem, vou parar de falar no que há ainda por fazer, semipronto e em esboço.
Estou escrevendo esse textão porque ter finalizado mais um volume de poesias me deixa um pouco ansioso com a fugacidade da vida e com o fato de ser um escritor brasileiro em meio tão hostil.
Preciso de muito dinheiro, né? E não é para gastar com trivialidades. Você tem algum e pode me ajudar? Preciso encontrar mais agentes culturais interessados em administrar e gerir carreiras literárias. Eu sou somente um professor e escritor e não exatamente um gestor, agente literário ou editor. O mercado editorial brasileiro precisa de dinheiro e seriedade.
Fiquei recentemente muito feliz em conhecer a editora Mondru, de Goiânia. Eles estão realizando um trabalho muito belo em prol da novíssima literatura brasileira. E sem alardes, adesões fáceis a modismos culturais ou manifestos. Somente com belos livros bem selecionados e trabalho sério. Espero publicar mais trabalhos com eles. E ler e produzir conteúdo sobre livros e autores desse novo universo mondruniano. Já estou devendo a mim próprio a resenha do lindo, corajoso e melancólico livro de estreia do Maurício Mendes, “O Homem não foi feito para ser feliz” (Mondru, 2025).
Espero também que iniciativas corajosas e solitárias como a TãoLivro, do Cassiano Silveira, de Santa Catarina, prosperem. E que ele possa se dedicar a publicar livros sempre de boa qualidade literária.
Enfim, era pra eu estar comemorando a finalização de um novo livro… Quer dizer, eu acho que estou, né? Vida que segue!
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Publicou poemas, contos, romances, livros acadêmicos, ensaios. Ativo participante de saraus literários. Teve peças de teatro montadas. Fez letras de música popular. Seus trabalhos literários mais recentes são: “O Canal,” “365-D: a corda esticada entre o vazio e a coisa amada”, “Ninguém Escreve por mim: textos da Oficina A Palavra Escrita”, “História e Prática 2023” e “Cem, Sem, Zen: Sonetos”. Graduado em História. Mestre e Doutor em Vernáculas e pós-doc em Estudos Culturais. Professor do Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Ensino Superior. Coordena a Oficina Palavra Escrita: História e Prática. Membro efetivo da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ).
@claudiocarvalhoautor
