Depois de mais de cinco meses de expectativa, o Banco Central jogou um balde de água fria no Banco BRB, ao vetar a venda do Banco Master à instituição financeira do Governo do Distrito Federal. Dirigente próximos ao presidente Paulo Henrique Costa, pego de surpresa nesta quarta, 3, entendem, porém, que há espaço para conversar com o BC e manter as negociações em nível elevado.
“Tão logo recebemos a decisão de indeferimento, solicitamos acesso aos fundamentos e vamos decidir os próximos passos. Continuamos acreditando nos fundamentos da operação e vamos procurar mitigar os eventuais riscos identificados pelo Bacen”, revelou um dirigente do banco estatal, reservando-se o direito do anonimato.
Em Brasília o cenário é desenhado com um pouco de desânimo, mas ninguém aceita que se trate da maior derrota da história do BRB, como especulou-se no mercado financeiro. A operação anunciada em 28 de março, em que o BRB se comprometia a comprar parte do Banco Master, foi simplesmente reprovada, é fato. Como também é sabido que o negócio não teve morte súbita, não morreu na praia, e que a entrada “de um VAR” em ação poderá rever a situação.
Dirigentes do BRB também não aceitam a pecha do constrangimento, após um período em que foram traçados planos para que a instituição brasiliense fincasse raízes mais profundas em diferentes regiões do país. “O mercado é amplo, não há volatidade, e esperamos dar a volta por cima”, insistiu a fonte de Notibras.
Dirigentes dos BC e do Banco BRB confirmaram que a decisão já foi oficializada, embora os detalhes técnicos ainda não tenham sido divulgados. O Master, por sua vez, optou pelo silêncio. O voto decisivo veio do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Dias de Brito Gomes, seguido pela diretoria colegiada.
Comunicado ao mercado
À noite, após reunião da Diretoria Colegiada, o Banco BRB divulgou o seguinte comunicado ao mercado:
A decisão sobre o veto foi informada na noite desta quarta-feira (3), em comunicado de fato relevante do BRB aos investidores. O BC ainda não se pronunciou oficialmente.
“O BRB – Banco de Brasília S.A. (“BRB”; B3: BSLI3 e BSLI4) comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que foi informado pelo Banco Central (“Bacen”) sobre o indeferimento do requerimento protocolado em 28 de março de 2025, referente à aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Banco Master S.A. (“Banco Master”). O BRB apresentou solicitação de acesso à íntegra da decisão, com o objetivo de avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”.
“O BRB reitera seu posicionamento de que a transação representa uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional e manterá seus acionistas e o mercado informados sobre eventuais desdobramentos relevantes, nos termos da legislação e da regulamentação aplicáveis”, completou.
Há pouco mais de 10 dias, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, havia sancionado uma lei distrital, aprovada pela Câmara Legislativa do DF (CLDF), por exigência judicial, para autorizar o BRB a adquirir 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do capital social do Banco Master S.A. O objetivo seria ampliar a presença do BRB no mercado e fortalecer sua atuação no setor financeiro.
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Dora Andrade é Editora de Economia de Notibras
