Notibras

Bandidagem de mãos dadas com a política no Rio de Janeiro

Nesta semana, o país ficou perplexo ao acompanhar pelos noticiários a prisão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. Ver um parlamentar ser preso pela Polícia Federal por orientar o ex-deputado estadual TH Joias a destruir provas, justamente na véspera de uma operação que levou à prisão de TH, é daquelas cenas que revelam a profundidade do problema. Não é só um escândalo pontual: é sintoma de algo muito maior, muito mais entranhado no tecido político e social do Rio.

Para quem acompanha o noticiário político e criminal fluminense, nada disso chega a ser exatamente uma surpresa, e esse talvez seja o aspecto mais assustador. Há anos vemos o envolvimento de políticos com o crime organizado emergir como uma espécie de regra não escrita do jogo de poder local. Milícias, máfias, escritórios do crime, rachadinhas, redes de corrupção: tudo isso parece se misturar com a política institucional de um jeito que naturaliza o inaceitável.

E quando olho para o retrospecto recente dos governadores do Rio, o choque se renova. Com a única exceção de Benedita da Silva, do PT, todos os ex-governadores do estado foram presos. Todos. Isso diz muito menos sobre indivíduos e muito mais sobre o grau de corrosão das estruturas políticas fluminenses. É como se o estado estivesse aprisionado em um ciclo interminável de captura institucional, onde os interesses privados, e muitas vezes criminosos, sempre conseguem se sobrepor ao público.

O que aconteceu com Bacellar esta semana não é um ponto fora da curva: é mais um capítulo de uma história que já passou da hora de ser reescrita. O Rio precisa ser refundado. Não se trata apenas de mudar nomes ou punir personagens específicos, mas de reconstruir a lógica de poder, fortalecer instituições, romper com as alianças espúrias que historicamente dominaram a política local.

Porque, do jeito que está, parece que o Rio vive uma espécie de condenação cíclica. E a sociedade fluminense merece um estado que se liberte dessa captura.

Sair da versão mobile