O Brasil passa por uma das piores crises de sua história e não é apenas econômica. Todos os problemas que enfrentamos diariamente se devem ao grave desvio moral, ético e à baixa expectativa quanto à qualidade, desde a escolha dos governantes até a calçada sobre a qual andamos.
O padrão de qualidade exigido pelos brasileiros é muito baixo. Observe-se que aceitamos pagar por um carro sem qualquer item de segurança e conforto o mesmo preço que se paga por um carro completo nos Estados Unidos. Estamos aceitando pagar R$ 25 por um sanduíche num food truck que, em qualquer lugar do mundo, vende comida barata.
Essa aceitação de qualquer coisa toma proporções inimagináveis e algumas pessoas não percebem que tudo está conectado. Por isso vemos o povo, os intelectuais, os políticos e os juristas aceitarem que os ministros do Supremo Tribunal Federal sejam escolhidos pela presidência da república.
Não bastasse essa regra para ocupar a cadeira ser absurda, sendo um poder escolhido por outro, o STF inova legislando ao invés de interpretar as leis. A função do STF estabelecida no artigo 102 é a guarda da Carta Maior, cabendo a ele interpretá-la. Legislar é função do Congresso Nacional, no entanto vemos a cada dia os tribunais legislando por meio de seus julgados.
Estamos acompanhando o julgamento da maconha e os 11 ministros estão decidindo se o porte é crime ou não. Quem tem que dizer o que é crime, se a ação penal é pública ou privada é a lei e não o tribunal. As súmulas estão chegando ao ponto de modificar o que está escrito nos códigos de processo sem que a alteração passe pelas casas legislativas. Quem duvida que o próximo tópico a entrar na pauta será o aborto?
Muito se reclama do Executivo e Legislativo, os poderes que em tese são os mais democráticos ante a escolha popular de seus integrantes, porém vemos em todos os níveis que o mais nefasto atualmente é o Judiciário, que a cada dia se ocupa em legislar e não cumprir a lei. Há vários exemplos: não cumprimento de reintegração de posse contra o MST, de reversão de guarda em favor do pai por maus tratos da mãe, de andamento regular de processo contra o INSS em mandado de segurança… e por aí vai.
A culpa é dos juízes? Nem sempre. O aparelhamento dos conselhos pelo “politicamente correto” coloca os magistrados em situação bastante desconfortável e sujeitos a retaliações. Tudo está interligado. Não adianta se fazer um movimento contra os entes políticos se os judiciais estão aparelhados, eis que aqueles serão julgados por estes, que por sua vez são escolhidos pelos primeiros.
Comecei falando de crise e conclui falando de crise. A crise econômica é visível, no entanto a crise moral e ética é a mãe de todas elas. Enquanto aceitarmos pagar caro por uma gasolina batizada, continuaremos aceitando calados que o presidente escolha seu júri, juiz e carrasco.